Faltando três semanas para o fim de 2022, os brasileiros já decidiram como gastar a renda de fim de ano: ao invés de comprar o peru de Natal e os tradicionais presentes, o foco será pagar as dívidas trazidas pela alta da inflação. “O uso [do décimo terceiro] é muito pessoal, mas a maioria gasta tudo: pagar ou refinanciar as dívidas e gastar o pouco que sobra”, avalia Gilberto Braga, economista e professor do IBMEC.
A segunda parcela do décimo terceiro salário será paga pelas empresas até o próximo dia 20 de dezembro. Será destinada, segundo pesquisa realizada pela Onze, fintech de educação financeira, prioritariamente ao pagamento de dívidas em meio a um período de festas de fim de ano, ceia de Natal e viagens.
A pesquisa mostra ainda uma queda no percentual de brasileiros que pretendem usar parte do décimo terceiro para compras de Natal: 26% em 2021 contra apenas 9% em 2022. Outros 13% disseram que utilizarão o dinheiro para os gastos de começo de ano, como o IPTU e as matrículas escolares, e 9% querem poupar o décimo terceiro.
Outro dado da pesquisa foi que apenas 7% pretendem investir o décimo terceiro, sendo que a maior parte (38%) vai investir entre 20% e 50% do salário. Entre os investidores, a maioria pretende alocar o dinheiro em renda fixa (32%), seguida por poupança e fundos de investimento, ambos com 21%, e ações, com 14% das respostas. O principal argumento de quem não vai investir é ter outras prioridades de gastos (40%).
Diante de uma opção para sair do vermelho, entre as dicas para evitar maior endividamento com o fim de ano, o coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas, Ricardo Teixeira, orienta que se deve frear os gastos com presentes, por exemplo. “Fazer a menor lista possível, dar presentes simbólicos, a não ser que planejado dar algo prometido a alguém mais próximo, como pai, mãe ou para os filhos. Fora isso, os gastos podem ser usados prevendo até uma poupança, se possível”, defende o especialista.
E no próximo ano?
No início do ano, os gastos tendem a ser elevados com dívidas como IPTU, IPVA e material escolar. Por isso, é essencial planejar-se e priorizar as dívidas, não cedendo às tentações e mantendo o foco nos objetivos de longo prazo.
A PROTESTE – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – listou 5 dicas para ajudar os consumidores:
- Consumidores ‘no vermelho’ devem dedicar todo ganho extra, inclusive o 13º, para o pagamento total ou parcial das dívidas. Primeiramente, a associação sugere que o consumidor tente renegociar as dívidas, antes de quitá-las com o banco;
- Investir ou poupar, para quem tem essa opção, é uma boa forma de aproveitar o dinheiro extra para fazê-lo render. Pesquise as melhores opções de aplicação do dinheiro no mercado;
- Se o consumidor não tem dívidas para pagar, pode usufruir, com parcimônia, do décimo terceiro. Gastá-los com diversão ou compras, sendo alguma coisa para si ou uma viagem de férias para a família também é uma boa opção pagando sempre à vista após negociar um desconto. De qualquer forma, para quem não tem dívidas, vale a dica de poupar uma parte da renda extra em uma aplicação, fazer uma reserva de emergência, provisionar os gastos do início do ano com impostos, e deixar uma parte para os presentes e os gastos com as festas de Natal e Ano Novo;
- O dinheiro só pode ser considerado como “extra” caso todas as contas estejam em dia. Para organizar-se, conte com uma planilha de receitas e despesas ou use os práticos aplicativos de orçamento doméstico para ajudar nesta tarefa;
- Por fim, caso o consumidor queira adquirir um bem de maior valor, como a compra de um automóvel, eletrodoméstico ou uma reforma na casa, por exemplo, é recomendado fazer um planejamento financeiro. Guardar o dinheiro extra junto com a sobra de cada mês. E, ainda, detalhar as despesas fixas (contas mensais) e as despesas irregulares (lazer, presentes) identificando o que são gastos supérfluos e onde pode economizar.
Com informações da Istoé*
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.