Os efeitos das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões reveladas no balanço da Americanas não influenciaram apenas os acionistas da empresa. Fundos de renda fixa com investimentos em crédito privado — e que investiam em debêntures (títulos de dívida) da varejista — apresentaram um forte recuo de rentabilidade.
É o caso do “Nu Reserva Imediata“, do Nubank, que aparece como uma opção de “Reserva de Emergência” e é mostrado como de “baixo risco e alta liquidez”. Com aplicação mínima de R$ 1, o fundo era indicado para “investidores que não querem correr muitos riscos e com uma expectativa de retorno melhor que o da poupança”.
Antes do rombo bilionário da Americanas, o fundo que conta com mais de 1,2 milhão de cotistas e patrimônio de aproximadamente 2,6 bilhões de reais, fornecia uma rentabilidade de 109% do CDI. Segundo as informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aproximadamente 1% do patrimônio do fundo era alocado em debêntures da Americanas.
Como tinha recursos investidos em ativos da Americanas, a carteira também sentiu os impactos da desvalorização da varejista. Essas variações do fundo, que é o maior do tipo no Brasil, assustaram os investidores. Nas redes sociais, foram várias as publicações com reclamações ou alertas.
Por que a rentabilidade do fundo caiu?
De acordo com os últimos dados apresentados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a carteira do “Nu Reserva Imediata” tinha cerca de 1% de seu patrimônio alocada em duas debêntures da Americanas. A crise reduz o preço desse título de dívida no mercado e “come” o patrimônio do cotista.
Assim, a carteira, que antes entregava ganhos equivalentes a 109% do CDI (certificado de depósito interbancário, principal referência de rentabilidade para investimentos em renda fixa), chegaram a um retorno de 37% do CDI nos últimos 30 dias.
A rentabilidade negativa motivou uma séria de reclamações, já que os inventidores até então pensavam que era uma opção de investimento segura e sem riscos.
O fundo é uma das opções oferecidas pelo banco para guardar dinheiro para uma reserva de emergência por meio de suas “Caixinhas” (ferramenta para que o cliente consiga organizar as finanças e guardar dinheiro de acordo com seus objetivos).
Especialistas não recomendam fundos de crédito privado para reserva de emergência, pois eles podem ter variação negativa e gerar perda para o investidor em momento que ele precise do dinheiro.
Onde colocar a reserva de emergência?
Apesar de o “Nu Reserve Imediata” ser uma das opções, o banco reforçou, em nota, que a sugestão padrão do aplicativo para os clientes que criaram uma Caixinha como “Reserva de Emergência” é o investimento em RDBs (Recibos de Depósitos Bancários) do Nubank, também com alta liquidez e grau de investimento.
Especialistas, contudo, recomendam outras opções. A principal é o Tesouro Selic, que acompanha a rentabilidade próxima à taxa básica de juros do país. São títulos pós-fixados e que não estão sujeitos aos solavancos do mercado, além de contarem com baixíssimo risco e terem liquidez diária (permitem resgate a qualquer momento).
Nubank foi o único afetado com prejuízo em fundos?
As carteiras do Nubank não foram as únicas a apresentar oscilações negativas na última semana. Segundo especialistas, vários fundos e investidores que tinham dinheiro nos ativos da Americanas – seja em debêntures ou em ações, por exemplo – já sentiram o baque e começaram a realocar esses recursos.
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