Integrantes do grupo temático de “Cidades”, da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende a inclusão de novas formas de produção de moradias para a baixa renda, além do programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo a urbanista Ermínia Maricato, que integra a comissão, a chamada autogestão, modelo em que a própria comunidade, movimentos sociais e cooperativas decidem o modelo de construção de habitações, será uma alternativa a ser adotada.
Outro caminho será facilitar o acesso ao imóvel popular, com direito de uso por tempo determinado, sem a propriedade do bem, além do aluguel social. Também faz parte do pacote o relançamento do programa de urbanização de favelas. As informações são do EXTRA.
Maricatto, que participou do desenho do Ministério das Cidades em 2002, afirmou que o futuro governo vai recriar a pasta, que foi fundida com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) no governo do ex-presidente Michel Temer.
Habitação para baixa renda
Segundo ela, a pasta terá foco na habitação para a baixa renda, saneamento e transporte urbano, sobretudo nas periferias. A preocupação mais imediata é garantir uma verba para acolher famílias em área de risco, diante da proximidade do período chuvoso em janeiro.
“A prioridade será habitação para a baixa renda. Estamos pensando não apenas em ter a casa pronta, mas em novas formas de produção e arranjos federativos. Em um país desse tamanho, como você trabalha a política urbana sem levar em consideração o protagonismo do poder local e estadual? Impossível“, disse Maricato.
Segundo ela, a estratégia da política habitacional precisa retomar o programa de urbanização de favelas, com ações sociais para tirar jovens e crianças do domínio do crime organizado.
“Nós vamos buscar o crescimento do emprego para que se possa retomar o caminho de inclusão social em todos os aspectos, da alimentação, da moradia e do transporte“, destacou.
Para acomodar novos gastos
Ela confirmou que a equipe está aguardando os desdobramentos da PEC da Transição no Congresso, que foi turbinada pelo governo para acomodar novos gastos no Orçamento.
“A gente está aguardando outras questões, como a PEC da Transição. Está se falando para pôr dentro dos gastos emergenciais vários recursos para a política habitacional. Mas não posso adiantar o desenho“, disse Maricato.
A urbanista admitiu que o Minha Casa Minha Vida precisa passar por ajustes, como por exemplo a construção de conjuntos habitacionais em áreas com infraestrutura pronta e não muito distantes dos centros urbanos. Para isso, uma solução seria doação de terrenos por prefeituras e estados que estão ociosos e abandonados.
Além das condições de acesso, a alternativa teria efeito positivo na redução do valor do imóvel, sobretudo para a baixa renda. O programa Casa Verde e Amarela do atual governo, que substituiu o Minha Casa, Minha Vida, atende atualmente somente famílias com capacidade de assumir um financiamento.
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