O envelhecimento da população é um fenômeno demográfico que está atraindo cada vez mais a atenção dos cardiologistas. A idade avançada é fator de risco para diversas doenças, especialmente as valvopatias, que são caracterizadas pelo mau funcionamento das válvulas do coração.
Atualmente, o Brasil registra cerca de 150 mil novos casos dessa condição por ano, mas essa incidência tende a aumentar. Segundo a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais deve saltar de 25 milhões em 2017 para 41 milhões em 2030.
Com o avanço da idade, há uma deterioração das válvulas do coração, que começam a apresentar problemas na abertura (estenose) ou fechamento (insuficiência), causando alterações funcionais e físicas no órgão responsável por bombear o sangue no corpo: ritmo desordenado dos batimentos cardíacos (fibrilação), sobre-esforço e aumento de tamanho das paredes musculares do coração (hipertrofia).
As valvopatias mais comuns acontecem nas válvulas mitral e aórtica e os principais sintomas são: cansaço, dores no peito, falta de ar, batimentos cardíacos em ritmo acelerado e síncope (perda de consciência).
Diagnóstico e tratamento
O surgimento dos sintomas associados à idade avançada são indícios da patologia, mas o diagnóstico preciso só pode ser obtido com exames clínicos, físicos e ecocardiográficos.
Nos casos mais leves, o tratamento é feito com o uso de medicamentos, dietas que restringem o consumo de sal e visitas periódicas a um cardiologista clínico.
Quando o funcionamento das válvulas está muito comprometido é necessária uma intervenção cirúrgica para corrigir o problema ou mesmo substituir a válvula. “Alguns parâmetros clínicos como a presença de sintomas e o resultado dos exames ecocardiográficos devem ser considerados para a indicação do tratamento cirúrgico. Seja ele convencional ou transcateter”, explica o cardiologista José Armando Mangione, coordenador do Núcleo de Cardiologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, polo de saúde referência em Cardiologia no Brasil.
Evolução das técnicas cirúrgicas
Se por um lado o crescimento da população idosa tende a aumentar a incidência de valvopatias, por outro, os recursos para tratamento da doença também avançam, principalmente no campo da cirurgia minimamente invasiva.
Técnicas como o TAVI e dispositivos como o Mitraclip – que foram disponibilizados no Brasil recentemente, são prova disso.
TAVI é a sigla para o termo em inglês Transcatheter Aortic Valve Implantation e consiste em um procedimento minimamente invasivo para implante de uma prótese da válvula aórtica, sem a retirada da válvula original. A via de acesso mais utilizada é por punção de uma artéria na região da virilha. A prótese é posicionada no anel valvar aórtico e quando se expande desloca a válvula nativa contra a parede da aorta, permitindo o restabelecimento do fluxo normal de sangue.
O Mitraclip é um dispositivo que une os dois folhetos (películas) da válvula mitral criando um duplo orifício de entrada para o ventrículo esquerdo. Esse dispositivo é implantado por meio de cateterismo cardíaco, um procedimento minimamente invasivo, e é indicado para pessoas que apresentam insuficiência mitral de grau moderado a grave.
“Estes procedimentos, especialmente o TAVI, apresentaram um desenvolvimento tecnológico muito expressivo. Os dispositivos tornaram-se cada vez mais eficazes e seguros além de facilitar sua implantação. Com isso houve um aumento no índice de sucesso e diminuição significativa de complicações”, pondera José Armando Mangione.
A Cardiologia da BP foi pioneira na introdução dessas inovações no Brasil e realiza em média seis procedimentos por mês. Desde que essas novas técnicas passaram a estar disponíveis no mercado brasileiro, elas já foram aplicadas em cerca de 2.500 casos.
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