Os primeiros alunos começaram a deixar os locais de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017, neste domingo, a partir das 15h30. Os estudantes consideraram a prova cansativa e com nível médio de dificuldade.
As questões de ciências humanas chegaram com muita carga de leitura e exigiu dos candidatos conhecimentos de história, geografia, filosofia e sociologia da Antiguidade até atualidades como a usina de Belo Monte, na Região Norte do Brasil.
Em linguagens, o Enem manteve a tradição de citar uma série de artistas e personalidades brasileiras e internacionais. Neste ano, nomes já consolidados na prova, como Pablo Picasso e Clarice Lispector, se misturaram a James Bond, Racionais MC e Gregório Duvivier. Além disso, o Enem abordou o porte de armas.
O tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil“. Entre os textos motivadores, a prova incluiu dados sobre o número de alunos surdos na educação básica entre 2010 e 2016, um trecho da Constituição Federal afirmando que todos têm direito à educação, e um texto explicando que, em 2002, a linguagem brasileira de sinais (Libras) passou a ser considerada a segunda língua oficial do Brasil.
Além disso, um anúncio do Ministério Público do Trabalho que, segundo o site do MPT, foi publicado em 2010, abordou um quarto aspecto da questão: o fato de surdos seguirem excluídos por causa do preconceito, mesmo que tenham a formação educacional necessária para entrar no mercado de trabalho.
Ciências humanas – Enem 2017
Entre as correntes de pensamento que caíram na prova de ciências humanas estão os princípios do iluminismo e o Manifesto Futurista. Houve ainda três pensadores gregos citados na prova: Aristóteles, Sócrates e Demócrates. Frida Khalo também apareceu na prova de linguagens.
Já alguns dos temas contemporâneos que apareceram estão a participação da mulher na política brasileira, exigindo conhecimentos sobre a cota de candidaturas de mulheres para os partidos políticos.
A usina hidrelétrica de Belo Monte também inspirou uma pergunta sobre a característica territorial positiva da usina. Ela mostrava uma tabela comparando o desempenho da usina com outras diversas do país. Em um mapa, apresentava a localização de todas elas e seus índices de geração de energia.
A Palestina também caiu no Enem 2017. Os candidatos encontraram na prova uma questão sobre a Assembleia Geral da ONU de 2012, que deu ao Estado Palestino o status de estado observador, evento que foi considerado uma vitória diplomática para o povo palestino.
Ainda sobre temas da História mundial, o período pós-soviético apareceu em uma das questões, que abordou o poderio dos Estados Unidos no mundo após a queda do Muro de Berlim, citando eventos como o 11 de Setembro e a Guerra do Golfo. O Império do Mali e a cidade de Timbuktu também caíram no Enem.
A prova ainda cobrou o controle dos meios de comunicação no Estado Novo, a relação do avanço tecnológico com a publicidade, e um item sobre um artigo da Constituição Federal sobre proteção às terras indígenas. Entre as perguntas de ciências humanas apareceu ainda uma sobre a criação de tribunais constitucionais e seu impacto no Brasil. Outro tema foi a relação entre uma coleção de moda da Zuzu Angel e uma foto da cangaceira Maria Bonita, na qual discutia-se a apropriação cultural da modelo que usava uma roupa com referência ao cangaço.
Conhecimentos sobre a geografia clássica, incluindo solo e pluviometria, também exigiram tempo dos candidatos.
A história escravagista do Brasil também teve espaço na prova deste domingo. Uma imagem mostrando uma criança branca com sua ama-de-leite, uma negra escravizada, pediu que os candidatos refletissem sobre os traços subjetivos da escravidão.
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