Denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aposta no antipetismo, na baixa popularidade do governo Dilma Rousseff e no corporativismo dos parlamentares para se manter no cargo e neutralizar o grupo de deputados que pretendem afastá-lo.
Na última quinta-feira (20), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal acusação formal contra Cunha. A denúncia instaurou na Câmara um movimento pelo afastamento do peemedebista do comando da Casa. Mas, segundo interlocutores do deputado, num cenário adverso, a estratégia de Cunha será radicalizar o discurso contra o PT e o governo Dilma para tentar sobreviver às investidas de grupos opositores.
Cunha mantém influência sobre uma bancada suprapartidária distribuída em partidos como PSD, PSC, PP, PR, PTB, PSDB, DEM e boa parte do PMDB da Câmara, que tem ainda como triunfo político o avanço da pauta conservadora neste ano: a chamada bancada “BBB”, alusão às iniciais de “Boi, Bala e Bíblia” — referências às bancadas ruralista, da segurança e os evangélicos.
As iniciativas em defesa de Cunha também são ancoradas no sentimento de corporativismo entre os parlamentares, outro alicerce em que o peemedebista vai se escorar para se manter no posto. Os desdobramentos das investigações da Operação da Lava Jato são considerados por vários políticos como uma “metralhadora giratória”, que inicialmente têm como alvo 35 parlamentares, entre deputados e senadores. No entanto, esse grupo poderá crescer conforme o avanço das investigações e o número de delatores.
Em meio à apuração das informações da Operação Lava-Jato, muitos parlamentares também avaliam que poderão ter o mesmo destino de Cunha e serem denunciados por Janot por envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Com informações do Zero Hora
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