O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, divulgou na tarde desta quinta-feira (20) uma nota à imprensa sobre a denúncia apresentada contra ele, ao Supremo Tribunal Federal (STF), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. Cunha reafirmou sua inocência, refutou o que classificou como “ilações” de Janot, garantiu que continuará realizando o seu trabalho como presidente da Câmara com lisura e independência e manifestou confiança na isenção e imparcialidade do STF.
Cunha argumentou que, por não ter participado de nenhum “acordão” com o governo, foi escolhido para ser investigado e denunciado, numa tentativa, segundo ele, de ”calar e retaliar” a sua atuação política.
Disse estranhar o fato de nenhum detentor de foro privilegiado membro do PT ou do governo ter sido denunciado, já que, de acordo com ele, a “série de escândalos” investigados pela Lava Jato “foi patrocinada pelo PT e seu governo” e “não seria possível retirar do colo deles, e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobras”.
Para o presidente da Câmara, é estranho o fato de a denúncia ter sido divulgada no mesmo momento em que manifestações vinculadas ao PT têm, dentre os seus objetivos, o de atacá-lo.
Leia a íntegra da nota à imprensa
Ele ressaltou que respeita o Ministério Público e não confunde o trabalho sério da instituição com o “trabalho de exceção” do procurador-geral.
Reações de deputados
Poucas horas depois da denúncia no STF, um grupo de parlamentares divulgou manifesto pedindo que Cunha se afaste do cargo. O documento é assinado por parlamentares do Psol, PSB, PT, PPS, PDT, PMDB, PR, PSC e Pros. Os deputados não souberam precisar quantos parlamentares aderiram ao movimento. Henrique Fontana (PT-RS), Alessandro Molon (PT-RJ), Glauber Braga (PSB-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (Psol-RJ) e Ivan Valente (Psol-SP) assumiram a liderança da reivindicação.
O texto alega que a denúncia de Janot tem provas “robustas” e “torna insustentável” a permanência de Cunha no cargo. “Cunha é formalmente acusado de ter praticado crimes. Com a denúncia do Ministério Público, a situação torna-se insustentável para o deputado, que já demonstrou utilizar o poder derivado do cargo em sua própria defesa”, diz o manifesto.
O líder do Psol, Chico Alencar, disse que uma eventual representação do partido no Conselho de Ética pedindo a cassação de Cunha por quebra de decoro só virá depois que o STF aceitar a denúncia e o presidente passar a ser tratado como réu na ação. Não há prazo para isso.
Prerrogativa
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), minimizou o impacto da denúncia contra o presidente da Câmara. “Nossa posição é de respeito à atuação do Judiciário, do Ministério Público, resguardando o direito à ampla defesa que deve ser assegurado a qualquer cidadão, inclusive ao presidente da Câmara dos Deputados”, disse.
“Temos de aguardar os desdobramentos naturais decorrente de um fato importante, grave, respeitando o princípio da ampla defesa”, acrescentou Mendonça Filho. Segundo ele, ninguém pode ser condenado previamente. “A apuração das denúncias deve ocorrer dentro de um clima de absoluta amplitude, para que a verdade venha à tona”, avaliou.
Com informações da Agência Câmara Notícias
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