Jorge Paulo Lemann, Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto da Veiga Sicupira falaram, pela primeira vez, sobre o rombo na Americanas.
No texto enviado ao Portal N10 neste domingo (22), os empresários são categóricos sobre desconhecerem qualquer tipo de manobra contábil na companhia e afastar a possibilidade de terem sido coniventes com alguma artimanha, disseram as fontes à reportagem.
A nota ainda informa que os três acionistas ainda se colocam na mesma posição de qualquer outro acionista ou credor ao tratar com surpresa as inconsistências que levaram ao pedido de recuperação judicial com dívida de R$ 43 bilhões e ao abordar o tipo de acesso a informações internas – o que certamente será alvo de críticas uma vez que eram controladores, até o ano passado, participavam do conselho e eram próximos aos executivos.
Lemann, Telles e Sicupira ainda lamentam pelas perdas dos investidores da Americanas, lembrando que também tiveram prejuízos, acenam que o foco é manter a companhia operante diante de seus milhares de empregados e esperam chegar a um “bom entendimento” com credores.
Leia abaixo a nota na íntegra:
“Nota pública
No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de “fato relevante”, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa.
Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:
1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.
2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.
3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.
4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.
5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.
6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.
7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.
8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.”
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