Cerca de 46% dos jovens brasileiros, entre 25 a 29 anos, estão endividados. Na faixa de 18 a 24 anos, a porcentagem é de 19%. Se somados os dois grupos, 12,5 milhões de pessoas estão com as contas no vermelho, de acordo com dados revelados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O cartão de crédito é o principal vilão, representando 45% das dívidas entre os jovens. Compras no comércio, principalmente com cartões de lojas, correspondem a 30%. Já os débitos com telefonia celular aparecem no terceiro lugar, sendo 15% dos gastos. Educação, moradia, água e luz representam 10% dos fatores de endividamentos da juventude brasileira.
“Cada semestre que passa na faculdade há um aumento nas mensalidades que gera um aperto financeiro maior. Esse é um dos principais fatores para o minhas dívidas”, reclama a estudante do curso de Psicologia, Laís Alves, de 21 anos. Por não ter conseguido nenhum benefício estudantil – como financiamento, bolsa de estudos parciais ou integrais –, a estudante, que recebe um salário mínimo trabalhando como auxiliar administrativa, conta que é cada vez mais complicado conciliar os custos pessoais com os educacionais. “O valor que eu recebo pelo meu trabalho não cobre todas as dívidas que eu tenho e isso acaba me complicando bastante”, afirma.
Planejamento é a solução
Com o dinheiro apertado, além de fazer bicos para conseguir uma renda extra, Laís busca seguir um padrão de consumo para não exagerar nos gastos, anotando suas dívidas em um caderno para ter maior controle. “Mensalmente eu sei todos os valores que eu tenho para pagar. Assim eu consigo visualizar as contas do mês, aquilo que eu não conseguir pagar, eu jogo para o próximo mês e ai me organizo melhor para tentar quitar tudo e não ficar com tantas contas em aberto.
Em 2016, um mapeamento organizado também pela CNDL e SPC mostrou que três em cada 10 jovens brasileiros não fazem um controle financeiro ou garantem fazer apenas de cabeça, sem anotações em uma planilha, por exemplo. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ressalta que os jovens precisam aprender a economizar. “Conseguir poupar pequenos valores já é melhor do que nada. Quanto antes os jovens começarem, mais cedo poderão ver resultados. Para isso, é preciso resistir ao consumo impulsivo e estar ciente que os efeitos positivos virão no longo prazo”, comenta Kawauti.
Nos gastos com Educação, por exemplo, os jovens estudantes podem buscar junto às instituições descontos nas mensalidades, ficar atento às regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ou até mesmo se cadastrar em programa que oferece bolsa de estudos. É o caso do estudante Rodrigo Marques, de 19 anos. Bolsista do Educa Mais Brasil – programa de fomento educacional – no curso de música, ele calcula que ao final da graduação economizará, aproximadamente, R$ 5 mil. “Sem essa economia não conseguiria investir nos equipamentos musicais e na minha carreira”, diz o Rodrigo.
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