(ANSA) – O desmatamento da Amazônia está reduzindo as chuvas mais do que o previsto, aponta um novo estudo internacional liderado pela pesquisadora italiana Mara Baudena, do Instituto de Ciências da Atmosfera e do Clima do Conselho Nacional de Pesquisas de Turim (CNR-Isac) e que foi publicado no “Global Change Biology” nesta terça-feira (17).
Segundo a pesquisa, a destruição da mata pode levar a uma queda de 55% a 70% da precipitação anual.
A floresta amazônica não é apenas um dos “grandes pulmões do mundo”, mas também um local particularmente chuvoso. A produção desse microclima é feita pelo vapor de água liberado pelas plantas durante a fotossíntese e, esse vapor, leva quase imediatamente para as chuvas. É um ciclo que se autoalimenta.
O corte excessivo e incessante das árvores está, conforme a pesquisa, alterando todo esse mecanismo. O estudo, que contou também com a parceria da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, revela que essa alteração no microclima pode ser muito maior do que o estimado até agora.
“Pequenas mudanças na umidade do ar, devido à presença de mais ou menos árvores, podem levar à grandes mudanças na chuva observada”, destaca Baudena.
“Essas amplificações até agora não estavam sendo consideradas. Nesse estudo, analisamos os dados das precipitações e umidade do ar por mais de 10 anos em escala horária em uma grande parte da floresta amazônica e das áreas próximas, em combinação com dados e modelos desenvolvidos em trabalhos precedentes da Universidade de Utrecht, que calculam que a umidade venha da transpiração das plantas e é transportada por ventos de toda a Amazônia”, diz a italiana.
Analisando vários parâmetros em amplas áreas da floresta, os pesquisadores chegaram a uma mudança nos modelos de precipitação usados até agora. “Também um desmatamento relativo tem efeitos dramáticos sobre as chuvas, sobre as florestas e sobre as áreas próximas, sedes de plantações e de áreas de gado que, constantemente, têm origens no desmatamento em si”, pontua ainda a pesquisadora.
Para Baudena, “no caso mais extremo no qual toda a floresta fosse desmatada, as nossas estimativas apontam que a queda nas precipitações anuais seria entre 55% a 70%”.
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