O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, voltou a afirmar nesta terça-feira (15) que não vai renunciar ao cargo: “Não há a menor hipótese. De jeito nenhum”. Cunha foi um dos alvos da operação em que a Polícia Federal cumpriu 53 mandados de busca e apreensão em várias capitais. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato, na qual Cunha foi citado em delações premiadas e é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
As buscas em relação ao presidente da Câmara se concentraram na residência oficial, em Brasília, e em sua casa e escritório, no Rio de Janeiro. As dependências da Câmara dos Deputados também receberam agentes da Polícia Federal.
Eduardo Cunha disse que é inocente, está tranquilo e confiante na Justiça. Para ele, a operação de busca e apreensão foi um sinal de que ainda não havia provas contra ele nos inquéritos em andamento. Ele considerou a investigação normal, mas disse estranhar o momento da operação: “Até aí, nenhum problema, nada demais; faz parte de qualquer tipo de processo investigativo. O que eu estranho é que, no dia do Conselho de Ética e na véspera da decisão do processo de impeachment [pelo STF], de repente deflagram uma operação que está em cima de um inquérito que tem uma denúncia feita há quatro meses. Depois a denúncia foi aditada”.
O presidente reclamou da transcrição do vídeo da delação, conseguida há 15 dias. “A transcrição que foi feita do vídeo da delação é criminosa e não retrata o que está no vídeo”, afirmou.
PMDB
Eduardo Cunha criticou o fato de a operação desta terça ter se concentrado em políticos do PMDB. Ele atribuiu o fato a “revanchismo” do governo petista devido à admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele também voltou a criticar a condução das investigações por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“A gente sabe que o PT é o responsável pelo assalto na Petrobras e, de repente, fazem uma operação com o PMDB. E veja bem: todas as operações de hoje, segundo eu fui informado, foram pedidas pela Polícia Federal, com exceção da minha, que foi pelo Ministério Público. Eu fui escolhido para ser investigado. Eu sou o desafeto do governo e me tornei mais desafeto ainda depois que dei curso ao processo de impeachment. Nada mais natural de que eles vão buscar o seu revanchismo”. Cunha defendeu que o PMDB acelere o processo de saída da base do governo Dilma Rousseff.
Já o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), negou qualquer interferência do Executivo na operação. “São 53 mandados de busca e apreensão. É um fato absolutamente normal e uma prova de que as instituições funcionam dentro da normalidade. O governo espera que todas essas coisas sejam esclarecidas a partir das ações da Polícia Federal. O governo não interferiu nem vai interferir nas ações da Polícia Federal, sobretudo quando elas são feitas dentro da ordem. Não houve nenhum exagero, nem espetáculo. Tudo foi feito dentro da normalidade”.
Entre os alvos da operação desta terça, estão dois ministros do governo Dilma: Henrique Alves, do Turismo, e Celso Pansera, da Ciência e Tecnologia, ambos do PMDB.
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