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Crise na Turquia apresenta risco para a economia mundial

A desvalorização da lira turca atingiu em cheio os grandes bancos europeus. Com política expansionista, inflação descontrolada, desvalorização cambial aliada aos créditos a juros baixos incentivados pelo governo do presidente Recep Erdogan, a moeda turca desvalorizou 40% e acabou contaminando a economia global.

De acordo com o operador Rafael Mendes da WM Manhattan, mesa proprietária que opera no mercado de renda variável e ensina traders atuarem na bolsa de valores, o que fez a situação se agravar mundialmente foi a crise ter atingido em cheio os grandes bancos europeus, como UniCredit italiano, BNP Paribas francês e o BBVA espanhol, onde cerca de 14% dos investimentos estão na Turquia.

“Esses bancos mantêm em seus portfólios títulos da dívida pública turca, além de posições abertas em lira. A situação cambial também afetou empresas locais alavancadas em euro e dólar, o que prejudica sobremaneira seus balanços”, analisa.

Rafael Mendes explica que a situação nos países emergentes é diferente. “Em situações de estresse, o investidor estrangeiro retira o capital de economias emergentes como um todo, com o intuito de reavaliar o portfólio e retomar os investimentos apenas em locais com menor risco associado ou após atingirem a normalidade. Assim, o rand (moeda sul afriacana), rublo russo, peso argentino, real brasileiro e demais moedas de emergentes foram depreciadas”.

Em meio à crise econômica, iniciou-se uma disputa comercial entre Estados Unidos e Turquia. A Casa Branca exige a soltura do pastor evangélico Andrew Brunson, acusado pelos turcos de terrorismo. O governo Trump anunciou a elevação das tarifas cobradas sobre aço e alumínio provenientes da Turquia. Em contrapartida, o governo turco anunciou retaliação sobre veículos, álcool e tabaco, além de prometer um boicote à entrada de produtos da Apple.

Impacto no Brasil e as eleições

De acordo com Rafael Mendes, a disputa eleitoral à presidência, que permanece indefinida, aliada à situação das contas públicas do Brasil parece não oferecer um porto seguro para o investimento externo. O dólar chegou novamente na região de R$ 3,90 após passar praticamente boa parte do mês de julho entre R$ 3,70 e R$ 3,80. O IBOV, que recuperava boa parte das perdas após a greve dos caminhoneiros, registra perdas aproximadas de 5% desde a eclosão da crise turca.

Em ano eleitoral, nada melhor que uma amostra do que a falta de zelo pelas contas públicas e as políticas ortodoxas podem fazer com a economia do país. O novo presidente terá que enfrentar a questão das reformas estruturais que o país tanto precisa logo no início de seu mandato para alavancar a economia.

“As urnas e as decisões tomadas pelo novo presidente terão o condão de decidir se o Brasil seguirá o caminho de Argentina e Turquia ou se mudará de patamar com políticas sérias que tornem o país atrativo a investimentos, gerando oportunidades e retomando o crescimento”, finaliza Rafael.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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