A figura da mulher educadora e cuidadora ainda é forte nas cadeiras das instituições de ensino superior do Brasil, apesar da presença feminina em todas as áreas de conhecimento. A constatação foi feita pelo site Quero Bolsa ao avaliar dados apurados pelo Censo do Ensino Superior, do Ministério da Educação (MEC). O curso de Pedagogia é disparado o mais ocupado por elas, com 93% do total de alunos (veja o ranking abaixo).
Os 15 cursos preferidos das mulheres:
1. Pedagogia
2. Direito
3. Administração
4. Enfermagem
5. Ciências Contábeis
6. Psicologia
7. Serviço Social
8. Gestão de Recursos Humanos
9. Fisioterapia
10. Educação Física
11. Arquitetura e Urbanismo
12. Engenharia Civil
13. Nutrição
14. Medicina
15. Farmácia
Na análise mais detalhada, o curso de Pedagogia perde apenas a preferência entre as universitárias com menos de 25 anos de idade e que estudam em faculdades privadas. Neste caso, o curso de Direito possui o maior número de mulheres matriculadas, seguido por Administração e Pedagogia. Entre as estudantes acima de 30 anos, também há diferenças no perfil das que cursam o ensino público e privado. Apesar da liderança de Pedagogia em ambos os grupos, as alunas que estudam em universidades estaduais e federais preferem as carreiras de Licenciatura. A graduação em Letras – com suas variadas habilitações – aparece em segundo lugar, enquanto Matemática, História e Geografia ocupam, respectivamente, o quinto, sexto e sétimo no ranking. O curso de Direito ocupa apenas a nona colocação.
“É possível concluir que após os 30 anos de idade, as mulheres buscam áreas de atuação onde o ingresso de profissionais mais velhos não é um obstáculo, caso da carreira de professor. Além disso, os cursos de licenciatura oferecidos por instituições públicas são menos disputados do que outras carreiras, o que seria um facilitador ao ingresso. Isto poderia ser explicado, em parte, pelo fato de que muitas mulheres, por ter jornada dupla em casa e no trabalho, julgam ter menor tempo de preparação para disputar os cursos mais disputados”, avalia Pedro Balerine, diretor de inteligência de mercado do Quero Bolsa.
Já entre as alunas das faculdades privadas, Direito ocupa o segundo lugar e os cursos de Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia e Nutrição passam a figurar entre os 15 mais procurados pelas mulheres. “Provavelmente, elas levam em consideração uma combinação de fatores. Um deles é o custo do curso versus a possibilidade de remuneração futura. Nesse caso, em via de regra, o mercado de saúde oferece salários melhores do que a área de educação. Ou seja, já que é necessário investir tempo e dinheiro na faculdade, é melhor que a perspectiva de ganho seja mais promissora. Também é importante lembrar que as opções de cursos de licenciatura são mais limitadas na rede privada”, explica Balerine.
Presença feminina
A participação feminina no ensino superior tem se mantido estável em 57% do total de alunos matriculados entre 2009 e 2016, período avaliado pela área de inteligência do Quero Bolsa. Ao longo desses anos, porém, houve uma queda expressiva no total de mulheres com mais de 30 anos nas faculdades brasileiras. Em 2009, elas representavam 45% das alunas matriculadas, enquanto em 2016 (último ano com dados disponíveis) eram apenas 20%. Na avaliação do diretor de Inteligência do Quero Bolsa isso leva a crer que o ingresso delas no ensino superior tem ocorrido cada vez mais cedo, possivelmente graças aos programas de incentivo como financiamentos e bolsas de estudo.
Os dados apurados pelo MEC em 2016 se equivalem quando analisada a participação das mulheres no programa Quero Bolsa. Elas eram 59,8% do total de bolsistas, sendo que 21% delas tinham 30 anos ou mais.
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