O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enfrentar uma pena de prisão no que é uma decisão histórica e que vai dividir ainda mais o maior país da América Latina antes das eleições nacionais a ser realizada em outubro deste ano.
A maioria dos 11 ministros rejeitaram na quarta-feira (04) um pedido do líder político esquerdista para permanecer em liberdade enquanto apelava de uma condenação por corrupção. Após isso, as redes sociais transbordaram com mensagens a favor e contra o ex-presidente. “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, escreveu um usuário no Twitter.
“Nelson Mandela, Gandhi e Lula, três líderes, uma coisa em comum: todos foram perseguidos por defender o povo”, respondeu um dos militantes do Partido dos Trabalhadores (PT).
O encarceramento iminente do ex-presidente representa a queda dramática do endurecido populista industrial da cidade de São Bernardo do Campo (SP), que saiu da pobreza e se tornou o primeiro presidente da classe trabalhadora do país.
Também ameaça abrir o que se espera que seja a eleição mais imprevisível da história do Brasil, na qual o ex-presidente lidera as pesquisas com 36% de apoio – o dobro do candidato mais próximo.
Durante seus oito anos de mandato, que terminaram em 2010, o ex-metalúrgico recebeu o crédito por tirar milhões de pessoas da pobreza em um dos países mais desiguais do mundo por meio de benefícios sociais e aumentos salariais.
Mas a economia deteriorou-se com sua sucessora escolhida, Dilma Rousseff, cujo mandato fez o Brasil sofrer uma de suas piores recessões – algo que culminou em seu . impeachment em 2016.
Enquanto isso, as autoridades iniciaram o que se tornou o maior caso de corrupção na história do país, a investigação “Lava Jato” , que se concentrou em esquemas de suborno na estatal Petrobras.
O ex-presidente foi condenado a mais de 12 anos de prisão por, segundo as investigações, aceitar um apartamento no Guarujá além de outros favores de construtoras em troca de ajudá-los a obter contratos com a Petrobras.
Lula nega ter cometido irregularidades e seus advogados alegam que o caso é um julgamento político que tem o objetivo de afastá-lo das eleições de outubro.
Analistas disseram que o julgamento mostrou que a Lava Jato – que envolveu políticos de todo o espectro político, incluindo o atual presidente de centro-direita Michel Temer – seria um dos fatores decisivos nessas eleições.
“Os efeitos da Lava Jato tornam essas eleições muito incertas”, disse Matias Spektor, analista político da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
Os mercados estavam cautelosos no período que antecedeu a decisão, durante a qual o índice Ibovespa se enfraqueceu ligeiramente e a moeda brasileira, o real, enfraqueceu-se marginalmente em relação ao dólar na quarta-feira.
“Ninguém foi mais perseguido do que Lula”, disse Gleisi Hoffman, senadora e presidente do PT.
A decisão do tribunal baseou-se principalmente em se uma pessoa considerada culpada de um delito – e a quem essa condenação foi ratificada após uma apelação, deve ser aprisionada enquanto apela para os tribunais superiores.
A próxima corte de apelação, a alta corte de justiça, só revisaria os argumentos técnicos, não os fatos do caso.
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