A pandemia do novo coronavírus tem deixado o mundo inteiro em estado de alerta. A Covid-19 está presente em vários países, contaminou mais de 400 mil pessoas e matou quase 20 mil. Ficar de quarentena como forma de combate à doença é uma situação nova para a população, que além do isolamento social também está com medo e insegurança. Para lidar com esta situação caótica da melhor maneira possível é preciso que todos fiquem atentos à saúde mental.
De acordo com a psicóloga do luto do Grupo Vila, Beatriz Mendes, diante de uma crise, como a provocada pela pandemia, a sensação de controle e o senso de segurança ficam abalados e a ideia de morte, tão distante para maioria das pessoas, fica mais próxima. “Rompe-se um pouco com a ilusão de total proteção que tínhamos. O Covid-19 acarreta uma ameaça física real e também uma ameaça à continuidade da vida conforme conhecíamos. Então é natural e até mesmo adaptativo que, diante desse quadro, a gente se sinta preocupado e temeroso”, afirma.
Por outro lado, de acordo com ela, torna-se fundamental enxergarmos o caráter protetivo desse medo. “Quando o medo nos ajuda a tomar atitudes de proteção, autocuidado e cuidado com o coletivo, é uma emoção que ajuda a nos adaptarmos ao novo. Além disso, entender que estamos tomando as medidas necessárias de proteção, evitando riscos e construindo hábitos saudáveis, também estamos lidando com ações positivas e capazes de mitigar as perdas decorrentes do adoecimento”, explica.
Para encarar esse momento de muitas mortes acontecendo, que traz medo e pânico nas pessoas, a psicóloga do luto fala que é importante voltarmos o nosso olhar para o potencial de casos que estão em processo de cura. “Também devemos sempre validar e observar que o que já estamos fazendo de modo a nos proteger e protegermos o coletivo ajuda a resgatar e construir algum senso de amparo para nós, além de percebermos que isso refletirá na suavização dos danos e perdas”, destaca Beatriz Mendes.
Ao saber que algum parente ou amigo está com a doença muitos podem cair em desespero. Para isso Beatriz Mendes orienta que é fundamental buscar informações verídicas e concretas sobre a situação de saúde do familiar ou amigo. “Para aliviar o desespero e as preocupações, devemos nos aliar à tecnologia para aproximar o contato e manter um fluxo seguro de informações sobre o ente querido adoecido”, recomenda. “Não vai contribuir muito se ficarmos fixados na pior situação de modo antecipado. É preciso viver um dia de cada vez, tomando todos os cuidados necessários. E mesmo que nosso desejo seja estar perto, é fundamental lembrar que o isolamento social é uma questão de cuidado e segurança conosco e com o coletivo”, lembra.
Ainda segundo Beatriz Mendes, as pessoas devem entender o verdadeiro sentido da quarentena. “Há um propósito maior e coletivo em pararmos, ficarmos em casa nos cuidando. É um tempo de recolhimento para que o retorno à nossa rotina seja o mais breve possível. E ainda que em casa, podemos estabelecer um cotidiano e perceber que várias coisas ainda permanecem sendo nossas. Estamos vivos e aprendendo, todo dia, novas formas de viver e enfrentar o que vai surgindo”, reflete.
A psicóloga do luto do Grupo Vila ressalta que o recolhimento social não se trata da ruptura de vínculos afetivos. “Sejamos criativos para mantermos nossas demonstrações de afeto e utilizemos todos os recursos que o mundo virtual disponibiliza para estarmos junto de quem amamos e nos fazem bem”, frisa. Diante de tudo o que está acontecendo, é de fundamental importância buscar ajuda profissional quando for necessário. “Existem vários profissionais de saúde mental disponibilizando atendimentos virtuais. Além de muitas ações de apoio emocional com profissionais competentes para conduzir um suporte telefônico ou on-line. Cada um deve buscar informações sobre essas assistências na sua região”, recomenda Beatriz Mendes.
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