Variedades

Comércio do RN perde R$ 1,12 bilhão em vendas no ano de 2015

Confirmando todas as previsões de economistas do mercado, as vendas do comércio varejista potiguar fecharam o ano de 2015 com queda de 5,9% .

Esta é a primeira queda de vendas no RN desde 2005, quando o IBGE iniciou a série histórica deste dado. A boa notícia é que graças ao bom momento vivido pelo turismo ao longo de 2015, a queda deixa a sensação de que o tombo poderia ter sido muito maior, visto que o RN teve a segunda menor queda do país (empatado com São Paulo e atrás apenas de Roraima) e a menor queda do Nordeste (nos vizinhos Pernambuco e Ceará, as quedas foram de 10,8% e 8,3%, respectivamente).

A queda de 5,9% representa a perda de aproximadamente R$ 1,12 bilhão em vendas para o varejo potiguar no ano passado.

“Os números fechados pelo IBGE confirmam, infelizmente, as nossas expectativas. Nós já prevíamos um mês de dezembro ruim – embora o número, de 14% de queda, tenha sido ainda pior do que imaginávamos – e um fechamento de ano com queda acima dos 5%. Nós também vimos dizendo, há alguns meses, que os números do Comércio Varejista potiguar só não vinham sendo piores graças ao bom momento vivido pelo nosso turismo, que viu a taxa média de ocupação dos hotéis crescer, em média, de 20% a 30% sobre aquelas registradas em 2014. Se não fosse isso, certamente teríamos amargado uma queda ainda maior, acredito que no mesmo patamar, por exemplo de Pernambuco”, afirma o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RN, Marcelo Fernandes de Queiroz.

A queda de 14% nas vendas em dezembro de 2015 (sempre sobre o mesmo mês do ano anterior) também foi a primeira desde 2005. Além disso, dos doze meses de 2015, em apenas três (janeiro, março e junho) houve aumento de vendas sobre o mesmo mês de 2014. Em todos os demais houve queda, sendo que a de dezembro foi a maior do ano, seguida por novembro (-12%) e setembro (-11,9%).

Emprego

Os números de vendas em 2015 reforçam as explicações para o que já havia sido registrado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

Segundo os dados, o estado do RN fechou o ano de 2015 contabilizando a perda de 12.298 empregos formais. Embora os segmentos de Construção Civil (-6.305) e Indústria (-3.930) liderem o ranking das perdas absolutas de vagas, precisamos ressaltar que o setor de Comércio, sozinho fechou, em 2015, 2.237 empregos, enquanto que o setor de Serviços encerrou o ano com saldo positivo de 529.

No caso dos Serviços, no ano de 2014, este setor, sozinho, havia aberto mais de 9 mil vagas, ou seja, vinha sendo o motor da geração de empregos do estado. “Juntos, Comércio e Serviços terminaram o ano passado amargando uma queda de 1.708 empregos com carteira assinada. São números muito preocupantes. Fechar postos de trabalho é sempre preocupante para a economia porque redunda em retração de renda, de recursos circulando. Mas, infelizmente, são números que já esperávamos, em virtude de tudo o que passamos ao longo de 2015 e que estes dados do IBGE agora só ratificam”, diz Marcelo Queiroz.

Setores de Móveis e Eletrodomésticos e de Supermercados puxam queda

Por setor do varejo, os destaques, em termos de contribuição para o resultado global, foram: Móveis e eletrodomésticos (-14,0%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,5%); tecidos, vestuário e calçados (-8,7%) e combustíveis e lubrificantes (-6,2%). As demais atividades com desempenho negativo foram: livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%); equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-1,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%). Na comparação com o ano de 2014, o único setor que apresentou aumento no volume de vendas foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 3,0% de avanço.

Com queda de 14,0% em comparação a janeiro-dezembro de 2014, o setor de móveis e eletrodomésticos registrou a redução mais acentuada da série histórica iniciada em 2001, contribuindo com o maior impacto negativo na taxa anual do comércio varejista. Com uma dinâmica de vendas associada à disponibilidade de crédito e à evolução da massa real de rendimentos, o resultado do setor, abaixo da média geral, foi influenciado principalmente pela elevação da taxa de juros nas operações de crédito às pessoas físicas e pela queda da renda real , entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015. A redução das vendas desse segmento reflete também a retirada dos incentivos via redução de impostos, em especial na linha branca, fato que vinha ocorrendo nos últimos anos.

O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 2,5% no fechamento de 2015, teve o recuo mais acentuado desde 2003 (-4,9%) e exerceu a segunda maior influência negativa na redução do total do varejo. A redução da renda real ao longo de 2015 e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor.

O segmento de tecidos, vestuário e calçados, com recuo de 8,7% no volume de vendas para o acumulado janeiro-dezembro de 2015, foi responsável pela terceira contribuição negativa no fechamento de 2015. Essa foi a maior queda na sua série histórica. Mesmo com os preços de vestuário se posicionando abaixo do índice geral de inflação, a atividade apresenta desempenho acumulado inferior à média geral do comércio varejista, refletindo o quadro de perda de poder de compra das famílias.

Combustíveis e lubrificantes, com queda de -6,2% no volume de vendas em relação a janeiro-dezembro de 2014, representou a quarta maior contribuição negativa no resultado total do varejo. Este resultado, abaixo da média geral, foi influenciado pela alta de preços dos combustíveis, cuja variação superou a inflação, além do impacto devido à redução do ritmo da atividade econômica.

A atividade de livros, jornais, revistas e papelaria apresentou queda de 10,9% no volume de vendas sobre janeiro-dezembro de 2014, a mais acentuada da sua série histórica. Além da redução da renda real, a trajetória declinante desta atividade vem sendo influenciada, em especial no que tange a jornais e revistas, por certa substituição dos produtos impressos pelos de meio eletrônico.

Equipamentos e material de escritório, informática e comunicação, com redução no volume de vendas de 1,7% no acumulado do ano de 2015, reflete não só o quadro de redução de renda real e elevação dos juros, como também, especialmente para informática, um processo de migração dos computadores de mesa para equipamentos de maior portabilidade e custos mais baixos, tais como tablets e smartphones.

Com queda de 1,3% no acumulado janeiro-dezembro de 2015, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, ótica, joalheria, artigos esportivos, brinquedos, etc., registrou a primeira variação negativa para o volume de vendas nesse tipo de comparação.

Somente artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos fechou 2015 com crescimento no volume de vendas (3,0%). Embora esse desempenho possa ser atribuído ao caráter essencial do uso de seus produtos, o crescimento no ano foi o mais baixo da série histórica do setor.

O comércio varejista ampliado registrou em 2015 uma variação acumulada de -8,6% sobre o ano anterior, a queda mais acentuada da série histórica. Esse resultado reflete o comportamento das vendas de veículos, motos, partes e peças (17,8%) e de material de construção (8,4%), os recuos mais elevados das suas séries históricas. Os fatores que justificam este desempenho são a diminuição do ritmo de crédito, a gradual retirada dos incentivos via redução do IPI, a elevação da taxa de juros e a restrição orçamentária das famílias.

* Fonte: Fecomércio/RN

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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