O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (3) que o Brasil deve crescer mais do que as “previsões pessimistas indicam”. A declaração ocorreu em entrevista recente, na qual o político também destacou a importância de se manter a democracia no país.
“Vamos ver o que vai acontecer quando a chamada economia micro, pequena e média começar a acontecer nos rincões desse país. Vamos ver o que vai acontecer quando as pessoas começarem a produzir mais, a comprar mais, a vender mais. Vamos perceber que a economia vai dar um salto importante”, disse.
A fala de Lula veio após dados recentes do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrarem que a inflação subiu em março, atingindo 0,74%. Essa taxa é superior à registrada em fevereiro, que foi de 0,34%.
A alta inflacionária foi puxada principalmente pelo aumento dos preços no setor de transportes, que subiu 2,39 pontos percentuais, indo de 0,43% em fevereiro para 2,82% em março. Também tiveram altas os grupos de habitação e saúde e cuidados pessoais.
Por outro lado, o grupo de despesas com alimentação passou de uma deflação de 0,03% em fevereiro para uma inflação de 0,15% em março, apresentando uma alta de 0,18 pontos percentuais. Quatro grupos de despesas tiveram queda na taxa inflacionária: educação, cultura e recreação, despesas diversas, comunicação e vestuário.
O IPC-S é calculado com base em preços coletados semanalmente em sete capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.
Mercado financeiro
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, subiu de 5,93% para 5,96% este ano. Para 2024, a projeção da inflação ficou em 4,13%. Para 2025 e 2026, as previsões são de inflação de 4%, para os dois anos.
Essas estimativas para a inflação estão acima do teto da meta que deve ser perseguida pelo Banco Central, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado e é o maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
A previsão do mercado financeiro é de que a Selic encerre o ano em 12,75% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é de que a taxa básica caia para 10% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.
Lula afirma que o Brasil crescerá mais que o previsto
Lula retomou suas agendas públicas após um afastamento para tratar de uma pneumonia, e conduziu sua terceira reunião ampliada com ministros para discutir o novo plano de investimentos do governo federal, que substituirá o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Cada pasta apresentará um balanço e a projeção do que será anunciado no marco de 100 dias de governo, na próxima semana, além dos planos para 2023 e os próximos anos.
O presidente enfatizou a importância de fazer investimentos para impulsionar a geração de empregos e fazer o país voltar a crescer. Segundo ele, a recuperação das políticas sociais que haviam sido “desmontadas” pelo governo anterior quase foi concluída, e o último programa social a ser lançado será o Água para Todos ou Luz para Todos.
Na próxima segunda-feira (10), o governo completará 100 dias de gestão, e Lula convocou todos os ministros para apresentar o plano de trabalho para os próximos períodos. A equipe do presidente está otimista com seus projetos, como demonstrado pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e da Fazenda, Fernando Haddad.
O presidente afirmou que a disposição e o discurso da equipe econômica e produtiva serão essenciais para a concretização do otimismo projetado.
“Vai acontecer mais coisa no Brasil do que as pessoas estão esperando e vai depender muito da disposição do governo. Vai depender muito da disposição e do discurso do pessoal da área econômica, da área produtiva, porque se ficarmos apenas lamentando aquilo que a gente acha que não vai acontecer, ninguém vai investir em cavalo que não corre. Se você está em uma corrida de cavalos dizendo que seu cavalo é pangaré, que seu cavalo está com gripe, que está cansado, ninguém vai fazer nenhuma aposta”, argumentou.
Ele concluiu que a obsessão do governo é fazer investimentos para impulsionar a economia e gerar empregos, e que, com o país crescendo, haverá um aumento no consumo e a roda gigante da economia voltará a funcionar.
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