A Caixa Econômica Federal começa a liberar nesta sexta-feira (dia 13 de setembro) o saque emergencial de R$ 500 das contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), aos trabalhadores que têm poupança na instituição. A liberação dessa quantia está prevista na Medida Provisória do governo federal que alterou as modalidades de saque do benefício, num esforço de injetar dinheiro na economia brasileira. Para especialistas, muitos beneficiados deverão utilizar esse dinheiro para o pagamento de dívidas e, assim, sair da situação de inadimplência.
“Muitos devedores vão aproveitar essa oportunidade ou para quitar totalmente o valor devido ou negociar para pagar parcialmente esse montante. Essa preocupação aumenta ainda mais com a proximidade do Natal, pois muitos querem estar com a situação regularizada para ir às compras”, avalia José Moniz, head de Negócios Digitais do Serviço de Cobrança Digital Negocia Fácil. Em meio a esse contexto, ele alerta para os consumidores tomarem cuidado e, dessa forma, não caírem na reincidência da inadimplência.
A análise é feita com base na pesquisa que traçou o comportamento dos brasileiros em situação de inadimplência, divulgada recentemente. O levantamento foi feito pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Negocia Fácil. De acordo com esse estudo, 77% dos consumidores têm algum compromisso em atraso. Desse universo, 60% já haviam se endividado antes e é reincidente. Além disso, 50% dos inadimplentes contam com dívidas de até R$ 4 mil.
A liberação faz parte de um cronograma completo, organizado pelo governo. Inicialmente, a medida se inicia com as pessoas com conta poupança na Caixa que nasceram entre os meses de janeiro a abril. A partir do dia 27 de setembro, será a vez dos trabalhadores com aniversário entre maio e agosto. Para os aniversariantes de setembro a novembro, o saque estará liberado a partir de 9 de agosto.
Já para os trabalhadores com poupança em outros bancos, o cronograma será a partir de 18 de outubro aos nascidos em janeiro. A liberação prossegue até o início de março, quando receberão esse valor os aniversariantes de dezembro. Cerca de 96 milhões de pessoas devem ser contemplados com a MP expedida pelo governo.
De acordo com a Caixa, são aproximadamente 260 milhões de contas e inativas do FGTS. Esse número é maior que a quantidade de assalariados porque muitos deles têm mais de uma conta vinculada ao fundo. Deste número, 80% têm valores de até R$ 500.
Especialista em renegociação de dívidas, o head de Negócios Digitais do Negocia Fácil apresenta cinco dicas de como o trabalhador pode aproveitar o saque para pagar as dívidas, seja a quitação ou amortizar o valor pendente. Além disso, ele mostra como se adaptar seu orçamento a partir do valor extra do FGTS para deixar a condição de inadimplente. Confira:
1 – Organize as dívidas abertas: Antes de sacar o FGTS, faça uma lista com as suas dívidas pendentes e busque mais dados sobre isso. Confira as informações sobre os valores atualizados, prazos de pagamento e também sobre as taxas de juros praticadas. A partir daí, é possível definir quais desses compromissos são prioridade na hora de fazer o pagamento.
“É preciso ter essas informações para verificar qual delas cobra mais juros e onera o orçamento do consumidor. Com isso, a pessoa consegue escolher qual dívida deve ser renegociada. Afinal, isso fica muito mais fácil quando alguém está com um certo valor em seu poder”, destaca Moniz.
2 – Negocie as dívidas: Com as informações sobre as dívidas, o próximo passo do trabalhador beneficiado com a liberação do FGTS é negociar prazos, descontos e até novas taxas de juros. O head da Negocia Fácil ressalta que as financeiras, operadoras de cartão e até empresas de cobranças oferecem condições especiais. E a tendência é uma possível intensificação dessa prática, de olho nesse valor adicional.
“Não deixe de negociar e peça benefícios, pois fica mais fácil o consumidor solicitar isso com uma certa quantia na mão. O poder de barganha por parte do devedor fica maior quando tem uma quantia como o saque adicional do FGTS. Muitas financeiras e instituições chegam a tirar parte dos juros para receber ao menos o saldo devedor”, explica.
3 – Não caia em pressões do telemarketing: Em meio à iminência do início do pagamento do FGTS, as empresas de cobrança via telemarketing devem intensificar a abordagem e as ligações junto aos trabalhadores com dívidas. Segundo Moniz, o serviço mais tradicional chega a pressionar a ponto de constranger o inadimplente, por esse motivo, ele sugere as pessoas procurarem os canais que ofereçam melhores condições, como taxas, quantidade de parcelas e descontos na hora de amortizar parte ou o valor total do saldo devedor.
Na avaliação do executivo, os canais digitais podem ser uma boa alternativa tanto em relação a desconto quanto na forma de negociação. “Os serviços dessa natureza também não fazem aquela pressão em cima do devedor como acontece com o telemarketing. Fora isso, a pessoa pode achar boas condições”, avalia.
4 – Adapte os seus gastos ao que ganha: Após negociar boas condições com o uso do FGTS, é preciso mudar os hábitos a fim de não cair mais na reincidência da inadimplência. Após renegociar ou quitar as respectivas dívidas, é preciso adequar seus gastos ao seu salário e ganhos. Para isso, é preciso avaliar as despesas para ver se algumas delas são ou não necessárias. Em caso de ser algo sem necessidade, é preciso fazer cortes.
“É preciso relacionar esses gastos e verificar se cabem nos seus ganhos. Se a conta ficar no vermelho, chegou mais que a hora de efetuar reduções ou mesmo suprimir algumas despesas. Precisamos aprender a viver de acordo com o que entra no bolso, caso contrário a pessoa vai cair sempre em uma dívida”, salienta Moniz.
5 – Evite o uso de cheque especial e cartão de crédito: Na avaliação de Moniz, os brasileiros têm o péssimo hábito de utilizar o limite do cheque especial ou o cartão de crédito como uma renda disponível. Com isso, o consumidor passa a gastar bem acima do que ganha, no entanto, não consegue arcar com essa despesa mais adiante.
“É errado a pessoa trabalhar para pagar o rotativo. Ou seja, o valor vai sempre aumentar a ponto de não conseguir pagar o uso desse serviço bancário. O ideal é usar somente o valor que ganha e nada mais”, sugere.
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