Cientistas alertam sobre os potenciais danos que a covid-19 pode causar à fertilidade masculina, efeitos esses, que podem continuar a afetar a humanidade vários anos após o desaparecimento da pandemia.
Dadas as evidências crescentes de diminuição da mobilidade e quantidade de espermatozoides e também de danos testiculares, cientistas da Universidade Huazhong de Ciência e Tecnologia, na província chinesa de Wuhan, indicaram a necessidade de pesquisas urgentes sobre as consequências a longo prazo da covid-19 na fertilidade masculina.
“Há uma necessidade urgente de rastrear homens com COVID-19 durante sua recuperação”, dizem o microbiologista Yu Tian e o biólogo reprodutivo Li-quan Zhou, num estudo recente sobre a invasividade do SARS-CoV-2 nos testículos e nos mecanismos pelos quais interfere na reprodução masculina. Artigo foi publicado na revista Reproduction.
O SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, entra no corpo humano por meio de uma enzima que está presente em vários órgãos vitais, incluindo pulmões, coração, rins e intestinos. Isso nos torna suscetíveis a danos significativos à medida que o vírus se move pelo corpo e começa a se replicar de maneira incontrolável.
O receptor da enzima pode existir nos sistemas olfatório, respiratório, digestivo, circulatório, neurológico e potencialmente até mesmo nos órgãos reprodutores masculinos. Vários estudos encontraram a presença do vírus em amostras de sêmen de pacientes que testaram positivo para COVID-19.
Pesquisadores da Justus-Liebig University (Alemanha) e da Allameh Tabataba’i University (Irã) realizaram pesquisas mostrando evidências diretas de danos aos testículos em pacientes com covid-19. O estudo envolveu 189 homens com idades entre 20 e 40 anos, 84 dos quais tinham a doença e 105 estavam livres da doença.
As amostras coletadas mostraram que os marcadores de inflamação e estresse oxidativo nos espermatozoides de pacientes com Covid-19 aumentaram mais de 100% em comparação com os do outro grupo. A concentração de espermatozoides foi reduzida em 516% e a motilidade em 209%.
“Esses efeitos sobre os espermatozoides estão associados à menor qualidade do esperma e ao potencial reduzido de fertilidade”, explicou o pesquisador principal Behzad Hajizadeh Maleki, cientista esportivo da Universidade Justus-Liebig em um estudo também publicado na Reproduction.
“Embora esses efeitos tendam a melhorar com o tempo, eles permaneceram significativa e anormalmente mais altos em pacientes com COVID-19, e a magnitude dessas mudanças também foi relacionada à gravidade da doença”, observou ele.
Ainda são necessárias pesquisas mais extensas para confirmar esses dados e poder avaliar o impacto que o coronavírus pode ter na fertilidade masculina globalmente.
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