A religião e a ciência divergem em vários pontos. Enquanto a bíblia diz que o universo foi criado em seis dias os cientistas dizem que foi criado em 13,8 bilhões de anos. O físico Gerald Schroeder, da Faculdade de Estudos Judaicos em Jerusalém, tenta reconciliar esta diferença usando a teoria de Albert Einstein que o tempo é relativo.
Para Gerald “o tempo é diferente [para humanos] a partir da perspectiva do Criador”. Mas ele não é o único que tentou explicar milagres na Bíblia com a ciência. De Moisés estar sob efeito de drogas até o aquecimento global ser atribuído ao dilúvio de Noé, alguns cientistas acreditam que há uma explicação lógica para cada evento no Antigo Testamento.
A criação do universo
De acordo com um relatório do Atlas Obscura, Schroeder acredita que o universo foi criado cerca de um trilhão de vezes mais lento, devido ao que ele chama de “fator de alongamento” das equações de Einstein. O modelo da “relatividade geral” de Einstein diz que quanto mais rápidas as coisas vão, mais lento o tempo passa. E Schroeder diz que pelo fato da luz se mover tão rápido, isso afeta o tempo.
“Quando a Bíblia descreve o desenvolvimento do dia-a-dia do nosso universo nos seis dias seguintes à criação, ela está realmente referindo-se a seis dias de 24 horas”, ele escreve. “Mas o quadro de referência pelo qual esses dias foram medidos era uma que continha todo o universo”, completa.
Schroeder argumenta que a mudança na perspectiva mudou o significado dos seis dias. Seis destes dias de 24 trilhões de horas daria um pouco mais de 14 bilhões de anos. Sua teoria tem sido amplamente rejeitada. Peter Enns, um estudioso bíblico, disse que é “absurdo encontrar a física em Gênesis I”.
A vida na Terra surgiu a partir do barro
A Bíblia, Alcorão e até mesmo mitologia grega afirmam que toda a vida na Terra veio do barro. Em textos religiosos do Egito e até mesmo em lendas chinesas, Deus molda a argila na forma de homem e, em seguida, dá vida a ele através de suas narinas.
Gênesis fala que o homem nasceu do pó e irá retornar ao pó quando morrer. Como estudiosos traduziram isso a partir do hebraico antigo, o ‘pó’ também significa argila ou a própria terra.
Um estudo em 2013 tentou fazer experiências com estas passagens. Segundo o estudo, a argila funciona como um laboratório fértil para pequenas moléculas e produtos químicos que “absorve como uma esponja”. O processo leva bilhões de anos, durante o qual os produtos químicos reagem uns aos outros para formar proteínas, DNA e, eventualmente, células vivas, disseram os cientistas à revista Scientific Reports.
Engenheiros biológicos do departamento de Nanociência da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, acreditam que a argila “poderia ter sido o berço da vida na Terra”.
Adão e Eva
Em seu livro River Out Of Eden (O rio que saía do Éden), o ateu Richard Dawkins nos leva de volta a um antepassado comum – uma mulher negra que viveu na África há milhões de anos atrás.
Ele usou um modelo matemático complexo para trabalhar através da genealogia do nosso DNA, dizendo: “Tem que haver uma mulher de quem esta reclamação pode ser feita. O único argumento é sobre se ela viveu aqui em vez de lá, neste momento, em vez de na época”.
Então, na medida em que Eva é nosso ancestral comum, até mesmo o ateu acredita que ela existia. E no ano passado um estudo descobriu o ancestral masculino mais comum, ‘Adam’ viveu 9.000 anos antes do que os cientistas acreditavam.
Pesquisadores britânicos afirmam que ‘Adam’ caminhava sobre a Terra 209.000 anos atrás, contradizendo um estudo recente que sugeriu que o cromossomo Y é anterior a humanidade. Suas descobertas coloca ‘Adam’ dentro do prazo de sua outra metade “Eve”, a ancestral materna genética da humanidade.
Divisão do Mar Vermelho
Outro evento na Bíblia que tem sido alvo de cientistas é a divisão do Mar Vermelho de Moisés, a tempo para os israelitas cruzar e escapar do exército do Faraó.
Em 2010, Carl Drew, um pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR, sigla em inglês), transformou a história do Êxodo da divisão do Mar Vermelho em um modelo de computador.
Ele mudou o “forte vento leste” para mais de 100 quilômetros por hora, aplicou-a a uma reconstrução de um ponto no Delta do Nilo e concluiu que isso poderia de fato ter “dividido as águas”.
Dilúvio de Noé
No livro de Gênesis, Deus se desespera com a corrupção humana e decide inundar a Terra, instruindo a Noé que construísse uma arca para salvar a si mesmo, sua família e um par de cada espécie animal.
Os pesquisadores sugeriram que, durante um período de aquecimento no ciclo de temperatura da Terra em torno de 5600 A.C, o derretimento de geleiras causou uma investida de água do mar do Mediterrâneo.
Esta cascata através do estreito de Bósforo da Turquia – terra seca na época – para o Mar Negro, transformou o lago de água doce em uma grande entrada de água salgada.
Na década de 1990, com base em evidências arqueológicas e antropológicas, os geólogos William Ryan e Walter Pitman da Universidade de Colômbia afirmaram que “dezesseis quilômetros cúbicos de água foram despejados por dia”, e que o dilúvio continuou por pelo menos 300 dias.
Mais de 90 mil quilômetros quadrados de terra foram inundados e o nível do lago subiu por centenas de metros após a fusão com o Mediterrâneo, provocando migrações em massa de animais em toda a Europa. Os pesquisadores, cujas conclusões foram apoiadas por datação de carbono e de imagem sonar, afirmam que a história do dilúvio de Noé teve a sua origem neste evento cataclísmico.
Sarça Ardente
Este é um momento crucial na história da Páscoa, em que Deus fala a Moisés de uma sarça ardente e lhe diz: “E desci para livrá-lo da mão dos egípcios“.
Os cientistas acreditam que o arbusto foi crescendo ao longo de um respiradouro de gás natural, ou poderia ter queimado por causa da ação vulcânica local espontaneamente. O físico norueguês Dag Kristian Dysthe estudou a combustão de material orgânico do subsolo em Mali, na África Ocidental, e conclui que tais eventos acontecem no mundo natural.
Quanto à voz de Deus, o professor de psicologia da Universidade Hebraica Benny Shannon propõe que Moisés estava tomando uma substância alucinógena local derivada de folhas da planta ayahuasca encontrada nos desertos do Sinai e Negev.
Com informações do Daily Mail (traduzido por Romário Nicácio – Portal N10)
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