Uma recente pesquisa feita pela universidade pública de Augusta, nos Estados Unidos, apontou que o canabidiol (ou CBD, componente não psicoativo da cannabis) pode reduzir os riscos e prejuízos causados pela tempestade de citocina em casos do novo coronavíru.
A tempestade de citocina em casos de covid-19 faz com que o sistema imunológico entre em colapso logo no começo dos sintomas e causa essa hiper-reação, capaz de prejudicar severamente os pulmões e levar a problemas respiratórios sérios e até à morte.
A reação exagerada pode acontecer em qualquer idade, mas é menos comum em crianças e adolescentes, e acontece quando o corpo humano continua a batalhar contra o vírus mesmo quando ele deixa de ser uma ameaça, liberando essas citocinas até que o indivíduo chega a um nível exaustivo e seu sistema colapsa, o que também diminui as dores nas juntas. No fim, é ela que causa a morte em vez do vírus, atacando diversos órgãos, como os pulmões e os rins.
De acordo com os pesquisadores (veja aqui), a CBD atua contra a tempestade e permite que os níveis naturais da apelina, peptídeo responsável pela diminuição de inflamações, sejam restaurados. Além disso, a CBD também conseguiu melhorar os níveis de oxigênio, reduzir a inflamação e também os danos físicos em modelos de pulmões de laboratório e em camundongos.
Os animais foram divididos em três grupos experimentais, com dez camundongos por grupos, sendo que o primeiro grupo recebeu uma dose intranasal e salina da CBD por três dias, o segundo recebeu uma versão intranasal de Poly I:C, também por três dias, e o grupo três recebeu a Poly I:C por três dias de forma intranasal, mas também teve uma dose de CBD administrada de forma intraperitoneal.
“A apelina é um peptídeo feito de células do coração, do pulmão, do cérebro, de tecidos de gordura e do sangue, e é um regulador importante para reduzir a pressão sanguínea e a inflamação”, explica Babak Baban, um dos autores da pesquisa.
O estudo mostra que os níveis sanguíneos do peptídeo foi reduzido a quase zero no modelo laboratorial sem o tratamento com o canabidiol, enquanto o tratamento com o componente aumentou os níveis de sangue em até 20 vezes, fazendo com que ele “quase voltasse ao normal”, como explicam os cientistas.
A questão, para os pesquisadores, é que o vírus entra nas células humanas por meio da enzima conversora da angiotensina (ECA2), que têm características em comum com a apelina, como o fato de estarem presentes em diversos tecidos e células, como as pulmonares, e normalmente trabalham juntas para controlar a pressão sanguínea. “É fato que a apelina e o ECA2 trabalham juntos para regular um sistema cardiovascular saudável e que eles são fatores importantes em muitas condições, como obesidade e hipertensão”, diz Baban.
Apesar da descoberta, os cientistas não necessariamente atribuem os benefícios da CBD diretamente à apelina, embora o componente tenha um “papel importante” no cenário analisado por eles. Os pesquisadores também ressaltam que não sabem se “o coronavírus, ou a CBD, tem um efeito direto na apelina, ou se são apenas consequências” e novos estudos devem ser realizados para responder a essas perguntas.
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