(ANSA) – O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), morreu neste domingo (16), aos 41 anos, após uma longa batalha contra um câncer no sistema digestivo com metástase nos ossos e no fígado.
O político faleceu no hospital Sírio-Libanês, no centro da capital paulista, onde estava internado desde o último dia 2 de maio. Divorciado, o tucano deixa o filho Tomás, de 15 anos. O óbito foi confirmado às 8h20 (horário local) em nota assinada pelos médicos Luiz Francisco Cardoso e Ângelo Fernandez.
Ontem (15), um ato ecumênico pela saúde do prefeito licenciado foi realizado em frente ao Hospital Sírio-Libanês. Representantes de diversas religiões participaram da cerimônia, que durou 30 minutos e terminou com a oração Pai Nosso.
Covas apresentou agravamento do estado de saúde na tarde da última sexta-feira (14) e chegou a receber medicamentos analgésicos e sedativos, mas seu quadro clínico foi considerado irreversível.
No último dia 10 de maio, inclusive, o prefeito de São Paulo havia iniciado uma nova fase de seu tratamento, com a combinação de imunoterapia e terapia-alvo – um método mais recente feito com outro tipo de medicamento, que ataca diretamente as células cancerígenas.
Antes disso, Covas também foi submetido a outras sessões de radioterapia para auxiliar a conter um sangramento na cárdia, transição entre o estômago e o esôfago.
Internação
O prefeito de São Paulo foi internado em 2 de maio para realizar exames de sangue, de imagens e endoscópio, com o objetivo de continuar o tratamento quimioterápico e imunoterápico. No entanto, a endoscopia encontrou um sangramento causado por uma úlcera em cima do tumor original na cárdia, que chegou a ser controlado.
Na ocasião, ele anunciou um pedido de afastamento do cargo por 30 dias. No dia seguinte, porém, ele foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e intubado, mas foi extubado na mesma data, após o sangramento ter sido contido.
Em 4 de maio, o tucano teve alta da UTI e passou para o leito semi-intensivo, onde publicou uma imagem nas redes sociais ao lado de seu filho. Na foto, os dois utilizavam a camiseta de futebol dos Santos, umas das paixões em comum.
Na mensagem, Covas disse que havia vencido mais uma batalha e tinha fé que venceria cada obstáculo que aparecesse durante seu tratamento.
No período em que ficou internado, ele recebeu visitas de familiares e políticos, como o governador João Doria, o prefeito em exercício, Ricardo Nunes, e o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite. Covas era acompanhado pelas equipes médicas coordenadas por David Uip, Artur Katz, Tulio Eduardo Flesch Pfiffer e Roberto Kalil Filho.
Diagnóstico
O político foi internado pela primeira vez em outubro de 2019 para tratar uma erisipela, que evoluiu para trombose venosa profunda na perna direita. Na ocasião, os coágulos subiram para o pulmão, causando uma embolia.
Durante exames para encontrar o coágulo, a equipe médica detectou um câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.
Após ser diagnosticado com o adenocarcinoma, Covas iniciou um tratamento de quatro meses de quimioterapia. Em fevereiro do ano passado, novos exames demonstraram regressão das lesões esofagogástrica e da hepática, mas uma biópsia detectou a persistência do câncer nos linfonodos.
Por causa disso, foi iniciado uma nova fase de tratamento, baseado em imunoterapia. Em abril de 2020, o prefeito novamente foi submetido a exames, que demonstraram controle do tumor nos linfonodos.
No ano passado, em junho, ele testou positivo para a Covid-19 e não apresentou nenhum sintoma da doença. Após o período de isolamento, retomou as atividades do cargo.
Já no início de 2021, logo depois de ser reeleito nas eleições municipais e continuar na prefeitura, Covas passou por um novo tratamento quimioterápico, incluindo sessões de radioterapia.
Entretanto, exames de controle apontaram novos pontos da doença no fígado e nos ossos. Com isso, os médicos decidiram dar continuidade ao tratamento com quimioterapia, além de imunoterapia.
Em abril, Covas foi internado e chegou a receber alta médica no dia 27, mas voltou a ser hospitalizado no início de maio.
Trajetória
Bruno Covas nasceu no dia 7 de abril de 1980 em Santos, no litoral paulista. Ele é neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que morreu em 6 de março de 2001, vítima também de um câncer.
Economista formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e advogado pela Universidade de São Paulo (USP), Covas já foi deputado estadual e atuou como secretário estadual de Meio Ambiente durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do estado, entre 2011 e 2014.
Em 2014, ele foi eleito deputado federal, deixando o cargo em 2017, quando concorreu à Prefeitura de São Paulo como vice na chapa de João Doria. Em 2018, porém, Covas assumiu o comando da maior cidade do país após Doria renunciar ao cargo para concorrer ao governo de SP.
Já nas eleições de 2020, o neto de Covas foi reeleito ao derrotar o candidato Guilherme Boulos (PSOL). Em sua chapa, ele contou como vice com o vereador Ricardo Nunes (MDB), que assumiu o cargo desde seu licenciamento.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.