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Bolsonaro demite secretário que reproduziu propaganda nazista em discurso

(ANSA) – O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira (17) a demissão do secretário de Cultura do governo, Roberto Alvim, que havia divulgado um vídeo no qual usa frases de um discurso de Joseph Goebbels, ministro responsável pela propaganda nazista no regime de Adolf Hitler.

“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência. Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, como o nazismo e o comunismo, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos muitos valores em comum”, diz a nota.

O pronunciamento de Alvim havia sido criticado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e até pelo guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho.

O vídeo em questão foi publicado para apresentar o “Prêmio Nacional das Artes”, que financiará projetos culturais em sete categorias diferentes, de óperas a histórias em quadrinhos.

Em determinado trecho da gravação, Alvim diz: “A arte nacional da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”.

As frases são semelhantes a um discurso feito por Goebbels, o grande ideólogo da propaganda nazista, para diretores teatrais em Berlim, em 1933.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional, com grande páthos, e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels na ocasião.

O trecho está em uma biografia escrita pelo historiador alemão Peter Longerich e publicada no Brasil em 2014, pela editora Objetiva. O restante do discurso de Alvim é marcado pela retórica nacionalista e pela defesa de uma cultura baseada na “pátria”, na “família”, na “coragem do povo” e em sua “profunda ligação com Deus”.

“As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de arte”, acrescentou o agora ex-secretário. Em seu perfil no Facebook, Alvim disse que houve apenas uma “coincidência retórica” entre seu pronunciamento e o discurso de Goebbels.

“Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbels… Não o citei e jamais o faria”, justificou, acrescentando que a “frase em si é perfeita”.

Mais tarde, ele culpou “assessores” pela menção a Goebbels e pediu desculpas à comunidade judaica, mas não foi suficiente para evitar a queda. Em sua nota oficial, Bolsonaro não faz menção ao plano de Alvim de uniformizar a arte sob a bandeira do nacionalismo.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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