O dólar opera em alta nesta quinta-feira (10), depois que a agência de risco Standard & Poor’s tirou o grau de investimento – o “selo de bom pagador” do Brasil. A cotação chegou a superar os R$ 3,90, mas perdeu parte da força depois que o Banco Central (BC) anunciou leilões de dólares, com compromisso de comprar novamente a moeda no futuro. No chamado leilão de linha, o BC vai vender até US$ 1,5 bilhão. As datas da compra de dólares estão marcadas para janeiro e abril do próximo ano.
Hoje, às 10h10, o dólar comercial estava em R$ 3,85. Na máxima do dia, chegou a R$ 3,9015, às 9h30. Ainda sob o efeito da retirada do “selo de bom pagador”, os investidores se retraíram em torno das ações negociadas na BM&F Bovespa, que abriu em queda, e às 10h21 apresentava recuo de 0,47% com 45.772 pontos. O euro tem valorização de 1,94%, negociado a R$ 4,32.
No último dia 8, o BC anunciou a venda de até US$ 3 bilhões das reservas internacionais, com o compromisso de comprar novamente os dólares em novembro. Com mais dólares no mercado, o BC tenta suavizar a alta da moeda. Essa operação, chamada no mercado de leilão de linha, não era feita pelo BC desde março deste ano. Naquele mês, o órgão anunciou um leilão de rolagem (renovação de vendimento), mas além da renovação, vendeu US$ 200 milhões.
A última vez que banco fez um leilão de linha, sem rolagem, foi em dezembro de 2014, quando vendeu US$ 2 bilhões.Ao vender dólares por meio dos leilões de linha, o BC retira dólares das reservas internacionais, mas apenas por um período. O dinheiro volta às reservas com a compra feita pelo BC na data estabelecida no leilão. O banco tem usado outra ferramenta para intervir no mercado de câmbio: os swaps cambiais. Nesse caso, a intervenção não compromete as reservas internacionais. O BC oferta contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de serem em reais, as operações são atreladas à variação do dólar.
No swap cambial, a autoridade monetária aposta que o dólar subirá mais que a taxa DI (taxa de depósito interbancário, ou seja, a cobrada em transações entre bancos). Os investidores apostam o contrário. No fim dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos (swap) entre as duas partes. Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo proporcional ao número de contratos em vigor. Quando a cotação cai, os investidores deixam de lucrar.Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as operações de swap. Quando a cotação cai, o órgão tem lucro.
Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária e precisando ser cobertos com as emissões de títulos públicos pelo Tesouro Nacional quando ocorrer o oposto. O BC tem feito leilões para rolagem de contratos deswapscambiais. Na última sexta-feira (4), o dólar fechou cotado a R$ 3,86, com alta de 2,68%. A cotação é a mais alta desde outubro de 2002. Na semana, a moeda americana acumulou alta de mais de 7%. Os últimos cinco dias foram de trajetória ascendente do dólar, que reagiu a incertezas políticas e econômicas e à crise chinesa.
O Tesouro Nacional informou que não vai realizar o leilão de venda de Letras do Tesouro Nacional – LTN (que têm remuneração pré-fixada), previsto para esta quinta-feira. O leilão de venda de Letras Financeira do Tesouro – LFT (com remuneração pós-fixada) será realizado normalmente.
Com informações da Agência Brasil e G1
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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