Casos recentes de suicídio de crianças e adolescentes, sob suspeita de ter alguma relação com o jogo Baleia Azul, estão sendo investigados pela polícia de alguns estados no Brasil. Enquanto isso, embora ainda não haja nenhuma confirmação oficial a respeito, o assunto tem chamado a atenção e, óbvio, gerado muita preocupação especialmente de pais.
“Podemos dizer que, às mudanças na estrutura da família moderna, na qual as crianças e os jovens muitas vezes são órfãos de pais, e acabam sendo educados pela escola, pelas babás ou pelo mundo digital, é que acabam se tornando as principais vítimas desse tipo de jogo. Às vezes, fazem isso como uma forma de chamar a atenção”, acredita a pedagoga Regina Trinca, do Ético Sistema de Ensino.
Para Tânia Medeiros, coordenadora pedagógica do Sistema Maxi de Ensino, com o passar do tempo, as famílias têm dedicado menos tempo aos estudos dos filhos e os deixam caminharem muito sós. “Sem essa aproximação dos pais, os adolescentes têm cada vez mais se distanciado do mundo real e buscado na internet soluções para ocupar o tempo ocioso. Desafios inusitados estimulam a buscar o desconhecido e o que é desconhecido é mais prazeroso”, explica.
Ambas alertam para a importância de os responsáveis ficarem atentos a possíveis mudanças de comportamento dos menores. “Além das marcas físicas que o jogo incita, como cortes feitos com lâminas de barbear pelo corpo, é possível notar algo de errado também nas atitudes dos jovens. Alteração de humor, certa agressividade ou, por exemplo, até mesmo a prática do uso de palavrões e expressões que não costumam fazer parte do vocabulário deles, podem indicar alguma coisa de errado”, diz Regina.
Acredita-se também que há casos em que algumas crianças começaram a participar do jogo Baleia Azul apenas por mera curiosidade, motivadas pelo modismo, mas que depois se sentiram desencorajadas para abandoná-lo. “Provavelmente com medo de alguma suposta retaliação, até mesmo contra a própria família, e com medo de pedir ajuda para os pais, não conseguem se desvencilhar e seguem adiante. A adolescência é a fase da vida na qual passamos pelas maiores mudanças físicas, emocionais e comportamentais e ninguém deseja morrer nessa fase. O suicídio é muito mais um pedido de ajuda do que o desejo real de morte”, completa a pedagoga do Ético Sistema de Ensino.
Na escola, algumas mudanças também podem ser percebidas. “Quando a falta de atenção na sala aula é fora do normal, quando passam a deixar de fazer a lição de casa, entre outros fatores que afetam o desenvolvimento de aprendizagem da criança, são mudanças que também sugerem algo”, diz Regina. “Ao identificar esses comportamentos estranhos, a escola deve brevemente compartilhar com os pais, para que se descubra o que de fato está ocorrendo”, conclui Tânia.
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