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Autorizado a cumprir prisão domiciliar, Funaro se diz arrependido

Detido desde julho do ano passado, o operador financeiro Lúcio Funaro foi classificado pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como “um dos grandes operadores da organização criminosa investigada na Operação Lava-Jato”. Nesta terça-feira (19), Funaro disse estar arrependido pelas práticas ilícitas em que se envolveu.

Ele foi beneficiado a deixar o presídio, o Complexo Penitenciário da Papuda, e cumprir prisão domiciliar. O beneficio foi autorizado pelo juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal em Brasília. Ao final da audiência, Funaro falou sobre seu arrependimento. “Qualquer pessoa que vá presa fica arrependida. A gente chega à conclusão de que coisas que eram feitas já não podem mais ser feitas; que é preciso atuar de uma nova maneira, totalmente limpa, clara, sem ilicitudes. Quem vivia em um ambiente como aquele em que eu vivia, já não pode mais”, disse.

Ele havia fechado um acordo de delação premiada, no mesmo período em que foi preso, com a Procuradoria-Geral da República. Na época, ele disse que tudo o que queria era ter um pouco de paz junto a sua família. “Meu desejo é poder voltar a conviver com a minha filha, com quem ainda não tive tempo de conviver”, afirmou.

Funaro vai cumprir pena em regime fechado domiciliar, em Vargem Grande do Sul, no interior paulista.  O doleiro deixará Brasília e irá para São Paulo. Se a instalação do sistema de monitoramento por câmeras for concluída ainda nesta terça, em sua fazenda, ele seguirá direto para o local.

De acordo com o juiz Vallisney de Souza, esta é a primeira vez que, por causa da falta de tornozeleiras eletrônicas, a 10ª Vara autoriza um acusado a cumprir pena em casa mediante a instalação de um sistema de monitoramento à distância.

“Ainda que o sistema seja instalado pelo acusado, a fiscalização é do juízo (…) O que é melhor? O preso sair e ficar sem ser fiscalizado, ou ficar com uma fiscalização como esta [aplicada a Funaro]?”.

Funaro garantiu que os custos da implementação das medidas acordadas com o juiz, não é fruto de praticas ilícitas. “Antes de entrar nisso, eu já tinha lastro patrimonial. Meu patrimônio não veio só disso aí” (…) Meu avô veio da Itália para fazer tijolos no Brasil, criou uma indústria de cerâmica, foi fazendeiro. Eu trabalhei. Por isso tenho jato, fazenda. Mas vou ter que me desfazer de tudo, pois tenho uma multa para pagar à PGR [Procuradoria-Geral da República], valores a pagar ao Imposto de Renda. E não estou me importando com isso, pois são coisas que tinham uso quando eu tinha outras atividades.”

Quem é Lúcio Funaro?

Lúcio Bolonha Funaro  é um economista e doleiro brasileiro que ganhou notoriedade ao ser preso no escândalo da Petrobras investigado pela Lava Jato, da Polícia Federal. Envolvido em vários escândalos de corrupção nas últimas duas décadas, firmou diversos acordos de cooperação com as autoridades, para escapar de punição

É tido como um velho personagem das manobras obscuras praticadas em Brasília. Além de ser um dos focos do chamado mensalão – um escândalo de corrupção política, mediante compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional, que ocorreu entre 2005 e 2006. Funaro já havia sido investigado no escândalo do Banestado, dois anos antes. Ele também já delatou um esquema de venda de sentenças judiciais na Operação Themis, em 2007, e foi preso na Satiagraha, em 2008.

Ele afirmou, em delação premiada à PF, ter pago R$ 20 milhões Geddel Vieira Lima e afirmou ainda que o presidente Michel Temer  enviou dinheiro de propina obtida na Caixa às campanha presidencial de 2014 e de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012.

Além disso, Funaro também disse ter ouvido de Eduardo Cunha que Temer sabia do repasse de propina ao PMDB por contratos entre a Petrobras e a Odebrecht. As declarações foram anexadas ao inquérito que  estava investigando Temer no Supremo Tribunal Federal- STF -.

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