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Após dois anos da tragédia de Mariana (MG), Rio Doce continua impróprio para consumo

Após dois anos da maior tragédia ambiental do Brasil, no município mineiro de Mariana (MG), foi verificado que o consumo para pesca, irrigação e produção de alimentos das águas da bacia do Rio Doce ficou impróprio. Os pontos, por onde correu o rastro de lama, cerca de 733 quilômetros, foram analisados pela Fundação SOS Mata Atlântica. Ainda foi verificado que o Rio tem uma porcentagem de 88,9% de ruim ou péssimo e 11,1% regular.

A Fundação SOS Mata Atlântica realizou a expedição entre os dias 11 e 20 de outubro, e conseguiu verificar o rastro de lama deixados no Rio Doce, desde os seus formadores – os rios Gualaxo do Norte, Piranga e Carmo – até os afluentes que formam a bacia e banham 29 municípios e distritos dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Outra consideração da Fundação foi que, nenhum local por onde as águas passam, foram consideradas próprias para consumo.

Segundo a entidade, a cada ano a qualidade da água apresenta piora. Em 2016, foi considerado que, em 53% dos pontos coletados, foi considerada ruim ou péssima, regular em 41,1% e ótima em 5,9%. Neste ano, o índice se assemelha à coleta feita logo após a tragédia, em novembro de 2015, quando 88,9% das águas estavam em péssima qualidade e 11,1 dos pontos estavam regulares.

A Fundação ainda não conseguiu verificar vida aquática, como girinos, sapos e peixes, em sete dos 16 pontos que apresentam qualidade de água péssima ou ruim. “Nesses locais, o espelho d’água estava repleto de insetos e pernilongos, vetor de graves problemas de saúde pública, como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela”, disse Malu Ribeiro, especialista em água da SOS Mata Atlântica e responsável pela expedição.

A tragédia do Rio Doce

A fatalidade aconteceu no dia 5 de novembro de 2015, quando houve o rompimento de uma barragem de rejeitos operada pela mineradora Samarco (de controle acionário das empresas Vale S.A. e BHP Billiton empresa que detém os outros 50% das ações), localizada na cidade de Mariana, a lama de rejeitos que invadiu o rio Doce deixou os municípios que eram abastecidos pelo rio impossibilitados de utilizarem sua água.

No momento do acidente não houve nenhum tipo de alerta para a pequena comunidade residente a jusante da barragem. Em Governador Valadares, uma das cidades com desabastecimento de água e que decretou estado de calamidade pública, análises foram feitas e constataram que o rio está altamente contaminado por alumínio, manganês e ferro. A tragédia foi tamanha que várias cidades nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo foram atingidas pelo desastre.

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