O Novo comunicou a suspensão de João Amoêdo nesta quinta-feira (27 de outubro). Fundador do partido, o empresário foi duramente criticado por diversos correligionários após declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana retrasada. Partes importantes da legenda, como o ex-presidenciável Felipe d’Avila, pediram abertamente a expulsão de Amoêdo.
Pouco depois de ter sido suspenso do Novo, Amoêdo disse que recebeu “com surpresa e indignação” a notícia e o “pedido para minha expulsão do partido por ter declarado o voto em Lula no segundo turno”.
Após a derrota de d’Avila no primeiro turno, o partido anunciou neutralidade e divulgou nota liberando o voto de seus filiados na segunda rodada de votação. Contudo, após a declaração de Amoêdo, o presidente do partido, Eduardo Ribeiro, afirmou ao Estadão que não estava liberado apoiar o candidato do PT. Segundo ele, na legenda há quem vote em Jair Bolsonaro (PL), mesmo que de forma crítica, e quem anule o voto.
A relação entre Amoêdo e o Novo vinha se deteriorando havia algum tempo. Nos corredores do partido, a interpretação é de que o apoio ao PT foi apenas a “gota d’água”, dado que o “casamento ia mal” havia meses. O fundador da legenda divergiu dos parlamentares eleitos em diversas ocasiões, como quando se manifestou publicamente contra a soltura do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), enquanto toda a bancada foi contra a prisão.
O empresário também discordou da legenda em questões como oposição ao chefe do Executivo – o Novo se considera “independente” – e a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19.
Amoêdo lamentou as críticas que recebeu por declarar o voto no petista e reagiu dizendo que exerceu sua “liberdade de expressão”, um direito que lhe é “conferido pela nossa Constituição”. “Tal direito não apenas dialoga com um dos pilares do NOVO – a liberdade de expressão – como também encontra amparo no seu Estatuto, em Diretriz Partidária vigente e em uma nota recente que textualmente reafirmou a liberdade de seus filiados em votar segundo suas convicções”, afirmou, em publicação no Twitter.
Amoêdo chegou a ser lançado pelo Novo, em 2021, como pré-candidato ao Planalto, mas desistiu em seguida. À época, ele justificou a decisão pela “ausência de um posicionamento transparente, firme e célere da instituição”. Sua pré-candidatura ruiu após sofrer pressão interna de uma ala do partido.
O empresário deixou a presidência do partido em 2020, dois anos após terminar em quinto lugar na estreia da legenda como candidato à Presidência da República, em 2018.
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