Pouco depois de ter sido suspenso do Novo, João Amoêdo, fundador do partido, disse que recebeu “com surpresa e indignação” a notícia e o “pedido para minha expulsão do partido por ter declarado o voto em Lula no segundo turno“.
O empresário foi duramente criticado por diversos correligionários após declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana retrasada. Partes importantes da legenda, como o ex-presidenciável Felipe d’Avila, pediram abertamente a expulsão de Amoêdo.
Após a derrota de d’Avila no primeiro turno, o partido anunciou neutralidade e divulgou nota liberando o voto de seus filiados na segunda rodada de votação. Contudo, após a declaração de Amoêdo, o presidente do partido, Eduardo Ribeiro, afirmou ao Estadão que não estava liberado apoiar o candidato do PT. Segundo ele, na legenda há quem vote em Jair Bolsonaro (PL), mesmo que de forma crítica, e quem anule o voto.
De acordo com Amoêdo, a diretriz do partido orienta a instituição a ser oposição ao governo Bolsonaro, o que não tem acontecido. “O partido tem uma Diretriz Partidária, em vigor, que coloca a instituição como oposição ao governo Bolsonaro nas eleições de 2022”, disse.
Ainda segundo o fundador e ex-presidente do partido “todos os mandatários que assinaram o pedido de suspensão e a expulsão declararam voto em Bolsonaro no segundo turno, e um deles é coordenador estadual de campanha do presidente”.
Amoêdo ainda classificou a atitude do partido como “processo autoritário que remete à atuação de Bolsonaro.”. Por fim, o empresário disse que irá apresentar sua defesa no Comitê de Ética do partido e que tomará “as medidas jurídicas adequadas para garantir o meu direito, e de todos os filiados, de se manifestarem de acordo com a legislação brasileira e as regras internas do NOVO”.
Confira na íntegra o comunicado de João Amoêdo
Recebi com surpresa e indignação a suspensão da minha filiação ao NOVO e o pedido para minha expulsão do partido por ter declarado o voto em Lula no segundo turno.
A Comissão de Ética Partidária, por 4 votos a 3, aprovou a suspensão e me concedeu 10 dias para apresentar a defesa no processo de expulsão.
Três dos quatro membros que votaram pela minha suspensão foram incorporados à Comissão de Ética nas duas últimas semanas.
Todos os mandatários que assinaram o pedido de suspensão e a expulsão declararam voto em Bolsonaro no segundo turno, e um deles é coordenador estadual de campanha do presidente.
O pedido dos mandatários solicitava que a suspensão fosse efetivada antes do pleito de domingo.
O NOVO, ao final do primeiro turno, mencionou em nota que não iria se posicionar nessas eleições e que os filiados eram livres para votarem de acordo com a sua consciência.
O partido tem uma Diretriz Partidária, em vigor, que coloca a instituição como oposição ao governo Bolsonaro nas eleições de 2022.
Desde março de 2020, quando renunciei à Presidência do NOVO, não exerço qualquer cargo no partido, sendo apenas filiado. Faço questão de frisar, em todas as entrevistas e declarações, que minha opinião não representa o pensamento oficial do partido.
Após a minha declaração de voto, sofri ataques do partido, de alguns mandatários e do presidente da instituição.
Esses são os fatos.
Difícil, portanto, não concluir que as manifestações públicas do partido quanto ao meu posicionamento, a elaboração da denúncia por aliados do presidente Bolsonaro, a nomeação dos novos integrantes para a CEP e o pedido para uma definição imediata antes de domingo, não seja um movimento arquitetado para constranger outros filiados do NOVO a não declararem os seus votos e para garantir a minha expulsão, em um processo autoritário que remete à atuação de Bolsonaro.
Apresentarei a minha defesa no Comitê de Ética do partido e tomarei as medidas jurídicas adequadas para garantir o meu direito, e de todos os filiados, de se manifestarem de acordo com a legislação brasileira e as regras internas do NOVO.
Esse é o ambiente que espero para o NOVO e para o País.
Por isso, reafirmo meu voto em Lula no próximo domingo.
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