A busca por vida fora do Sistema Solar se estende há vários anos, mas a humanidade pode estar próxima de encontrar novos mundos parecidos com a Terra. “Agora sim”, disse o astrônomo e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Renan Medeiros, sobre a possibilidade desta descoberta.
A grande aposta dos cientista é uma nova tecnologia que permitiu a “atualização” de um instrumento projetado para encontrar planetas fora do Sistema Solar que oferecerá aos especialistas condições para identificarem novos mundos iguais à Terra. Denominado Pente de Frequências Laser, o equipamento será acoplado ao Harps, um espectrógrafo (equipamento que realiza um registro espectrográfico da luz emitida por estrelas) de alta precisão, que tem sido usado há mais de uma década para a descoberta de planetas extrassolares.
A nova técnica permite mais precisão que a detecção e a medida do bamboleio da estrela na nossa direção ou na direção oposta, fenômeno este conhecido como “efeito Doppler”. O registro dessa oscilação é tão mais fácil quanto maior a massa do planeta. Assim, se o corpo planetário for de dimensão pequena, será mais complicado detectar sua presença. Além disso, a estrela só fica “agitada e em seu bamboleio” em virtude da existência de um ou mais planetas ao seu redor.
“Até agora, o Harps conseguia detectar esse movimento de uma estrela com precisões de 50 cm por segundo. Para conseguirmos encontrar um exoplaneta similar à terra, precisamos de uma precisão de 9 cm por segundo. Com o Pente Laser, acoplado ao Harps, conseguimos precisões quase quatro vezes melhores, de 2 cm por segundo”, explicou o professor José Renan Medeiros.
A nova funcionalidade do Harps foi desenvolvida pelos professores da UFRN José Renan de Medeiros e Bruno Leonardo Canto Martins, além do pós-doutorando Izan de Castro Leão, em conjunto com pesquisadores do Instituto de Astrofísica das Canárias, na Espanha, do Instituto Max-Planck, na Alemanha, e do Observatório Europeu Autral (ESO), maior organização astronômica do mundo.
A instalação do equipamento e uma série de testes aconteceu em abril, no Observatório de La Silla, localizado no Deserto do Atacama, no Chile. No mês de julho, acontece uma segunda série de testes para os ajustes finais e, em seguida, o Pente de Frequências Laser estará pronto para ser usado pela comunidade científica.
“A UFRN trabalha com a perspectiva de instalar dois laboratórios no observatório ESO, com participação na construção de dois modernos superespectrômetros, para abrir novos campos de formação e treinamento para Engenheiros da Instituição e para que nossos pesquisadores possam ter acesso aos dados coletados e desenvolvam os projetos tocados pela Universidade. Essa participação nossa no desenvolvimento do Pente Laser também faz parte do processo para alcançarmos o conceito máximo da CAPES para o Programa de Pós-Graduação em Física”, apontou a reitora da UFRN, Angela Maria Paiva Cruz, que, em maio de 2014, visitou as instalação do Observatório ESO em Cerro Amazones, também no Chile.
A reitora complementou afirmando que considera esta nova tecnologia um avanço no campo da inovação tecnológica, espaço este que é um dos pilares da gestão atual. Pesquisador 1A do CNPq, o professor José Renan Medeiros pontuou que, neste contexto, “o esforço nosso é para, com essas parcerias e contribuições, dotarmos a Universidade Federal do nosso estado de capacitação e estrutura para continuarmos a desenvolver tecnologia de ponta e realizar pesquisas de fronteira”.
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