Com os sucessos dos últimos anos a economia foi muito impactada, e nesse processo os consumidores brasileiros foram perdendo seu poder de compra e para complicar ainda mais, muitos tiveram que se endividar até para cobrir os gastos mais básicos.
Vimos os índices de endividamento aumentarem, hoje em dia quase 80% da população têm algum tipo de dívida. E nesse cenário econômico complicado, assumir uma dívida alta, como é a compra de um veículo zero quilômetro, fica cada vez mais difícil, especialmente para as famílias de classes mais baixas. Atualmente somente os brasileiros de classe A e B têm condições financeiras de arcar com a compra de um automóvel deste tipo.
Isto fica claro ao analisar o volume de vendas deste tipo de veículos nos primeiros 11 meses do ano, em relação a 2021. Além do volume de vendas ser menor, passou de 56,4% em novembro de 2021 para 53,2% neste ano, também houve uma queda de 10% nos financiamentos de veículos realizados.
De acordo com a informação do relatório de emplacamentos da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) foram comercializados um pouco mais de 190 mil veículos (automóveis e comerciais leves) em novembro, mas 56,27% deles foram vendidos na modalidade de venda direta e apenas 43,73% no varejo (compras feitas por cliente pessoa física). Isto é, os principais compradores de veículos foram locadoras, empresas, frotas ou pessoas com seu CNPJ. A aquisição de veículo para estes clientes tem alguns descontos, que compensam o negócio.
No comparativo anual, a diferença não é tão grande, em novembro o acumulado de vendas diretas foi de 48,99% e de 51,02% no varejo. Os automóveis continuam registrando mais vendas no varejo (53,66%) enquanto que os veículos leves são mais comercializados na modalidade de venda direta (59,62%).
O aumento da comercialização na modalidade de venda direta, pode ser provocado por diferentes motivos, mas atualmente o principal fator é a queda nas vendas de varejo. Pois além da perda do poder de compra do salário, o cliente também deve considerar outros gastos que terá, como o seguro do carro e o combustível.
Com mais da metade do mercado de automóveis e comerciais leves dependendo de clientes pessoa jurídica e o índice de endividamento, é possível afirmar que cada dia está mais difícil adquirir um carro zero para o consumidor final.
O mercado vai mudando e com isso não há nenhum problema, mas exige adaptações de muitos participantes. Assim como também gera muitos efeitos. Um efeito negativo impacta diretamente as redes de concessionárias, pois ficam enfraquecidas. Além disso, a redução das vendas para pessoas físicas, faz com que a margem de ganhos seja reduzida, com isso as montadoras devem trabalhar com margens cada vez mais ajustadas para não afetar a produção nas fábricas. Caso as montadoras alterem o volume de produção, os demais componentes da rede, isto é, os fornecedores das matérias primas também são impactados.
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