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Gilmar Mendes anula condenações de Moro contra José Dirceu na Lava Jato

O ministro destacou, em sua decisão, a suposta falta de imparcialidade no tratamento de Moro nos processos envolvendo figuras ligadas ao PT.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todos os atos processuais do ex-juiz Sérgio Moro, atualmente senador pelo União Brasil do Paraná, em casos relacionados ao ex-ministro e ex-deputado José Dirceu no contexto da Operação Lava Jato. A decisão de Mendes, assinada nesta segunda-feira (28), afeta todas as condenações que Dirceu havia recebido sob a atuação de Moro.

A anulação abrange também as confirmações dessas condenações feitas por tribunais superiores, refletindo um impacto mais amplo sobre o histórico jurídico de Dirceu nos casos da Lava Jato. Após a decisão, a defesa do ex-ministro enviou uma cópia do documento ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde ainda tramitam dois recursos em nome de Dirceu que aguardam julgamento.

A defesa de Dirceu havia argumentado que a decisão do STF, que declarou a parcialidade de Moro nos processos contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deveria ser estendida ao ex-ministro petista. Com isso, Gilmar Mendes aceitou o pedido dos advogados, destacando que “os elementos concretos demonstram que a confraria formada pelo ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da Curitiba encarava a condenação de Dirceu como objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Luiz Inácio Lula da Silva”.

Indícios de parcialidade

O ministro Gilmar Mendes destacou, em sua decisão, a suposta falta de imparcialidade no tratamento de Moro nos processos envolvendo figuras ligadas ao PT. Mendes afirmou que a maneira como Moro conduziu o processo contra Dirceu parecia destinada a fragilizar politicamente Lula. O ex-ministro da Casa Civil foi condenado a mais de 23 anos de prisão por acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, mas Mendes argumentou que a postura de Moro e dos procuradores violou o direito a um julgamento justo, prejudicando Dirceu.

Na decisão, Mendes ainda afirmou que estratégias foram supostamente alinhadas entre juiz e procuradores. Ele ressaltou que “a acusação contra José Dirceu era um ensaio da denúncia que seria oferecida contra o atual presidente“. Em mensagem ao ex-juiz, o então coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, mencionava Dirceu, o que, para Mendes, comprova a intenção de vincular as acusações. Ele reforçou que a anulação de todos os atos processuais de Moro é justificada pelos “indicativos de que juiz e procuradores ajustaram estratégias contra esses réus, tendo a condenação de um deles como alicerce da denúncia oferecida contra o outro”.

Prescrição e sentença

Em um julgamento anterior, realizado em maio de 2023, a Segunda Turma do STF já havia decidido, por 3 votos a 2, extinguir uma das condenações de Dirceu. Nesse caso, a defesa argumentou que o crime em questão já estaria prescrito quando a sentença foi publicada, em março de 2017. Como Dirceu tinha mais de 70 anos, o tempo de prescrição foi reduzido, segundo a legislação brasileira.

Em um dos processos, Dirceu foi condenado pela 13ª Vara Federal de Curitiba a uma pena de 8 anos, 10 meses e 28 dias, com base na acusação de recebimento de propinas em contratos da Petrobras com a empresa Apolo Tubulars. Contudo, a recente decisão de Gilmar Mendes deve anular também essa condenação, o que deixa Dirceu ainda mais próximo de uma possível volta à política.

José Dirceu e Possível Retorno à Política

Com a decisão de Mendes, Dirceu pode agora considerar um possível retorno à Câmara dos Deputados. Em março deste ano, durante a comemoração de seus 78 anos, ele foi questionado por amigos e aliados sobre uma nova candidatura. Embora Dirceu atualmente esteja inelegível, sua defesa trabalha para reverter essa situação. Caso a decisão do STF seja mantida, Dirceu pode vir a disputar as eleições de 2026.

Sobre a possibilidade de candidatura, Dirceu evitou se comprometer, afirmando que seu foco é contribuir com o governo de Lula. “Espero viver como minha mãe, até os 97 anos. Portanto, tenho mais 19 anos para viver“, disse o ex-ministro em tom de descontração.

José Dirceu é uma figura marcante na política brasileira e no Partido dos Trabalhadores (PT). Foi condenado por envolvimento no escândalo do mensalão, em 2012, a uma pena de 7 anos e 11 meses, sendo preso em novembro de 2013. Ele cumpriu parte da pena em regime domiciliar, sendo solto em 2016. Como um dos fundadores e ex-presidente nacional do PT, Dirceu também atuou como deputado federal e foi chefe da Casa Civil durante o primeiro governo de Lula, cargo que ocupou até ser afastado devido às acusações.

Gilmar Mendes anula condenações de Moro contra José Dirceu na Lava Jato
Ministro Gilmar Mendes – Foto: Andressa Anholete/SCO/STF

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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