“A música é o instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”. A frase é de Platão, um dos maiores pensadores da História. E ele estava certo: a música estimula áreas do cérebro e desenvolve habilidades importantes, como a coordenação motora, a concentração e a socialização.
Sabe-se que desde a gestação todo o sistema funcional da audição já está completamente maduro. Escutar música é uma das atividades mais estimulantes para o intelecto, então, se a música faz bem para os adultos, faz muito mais para as crianças.
Para Wienberger (1999) as crianças possuem capacidades para perceber e responder às componentes básicas da música. Evidentemente que a música está presente nas suas vidas muito antes do falar, o que pode levantar uma questão interessante: com que idade o sistema nervoso e o cérebro começam a permitir a percepção, a memorização e o processamento da música? Alguns estudos salientam que esta atividade começa muito antes do nascimento, ou seja, ainda no útero. Moog (1976) reforça o princípio anterior, uma vez que diz que os batimentos bruscos do bebê no útero da mãe, são respostas fiéis a estímulos musicais. Outro efeito proveniente da utilização da música (canções de embalar cantadas pela própria mãe) durante a gravidez foi experimentado por Statt (1984), que chegou à conclusão de que logo após o nascimento, o bebê produz movimentos de reconhecimento daquelas canções, uma vez que se a mãe parar no meio de uma dessas canções ou mudar inesperadamente para uma outra que a criança desconheça, ela pára ou move-se em jeito de resposta ao sucedido.
Associado a esse caráter aparentemente informal da música está a sua importância no desenvolvimento neurológico. No período logo após o nascimento, a criança encontra- se num momento sensível de aprendizagem. A música é um estímulo muito forte para ativar os circuitos cerebrais.
Edwin Gordon investigou o desenvolvimento musical de recém-nascidos e de crianças em idade escolar e realça, que é na altura do nascimento que o ser humano revela o seu maior potencial para a música e que, por isso, esse é um momento que não pode ser desperdiçado.
Ora, segundo o pedagogo norte-americano, “as crianças aprendem música duma forma muito semelhante à que aprendem a língua.” No entanto, o que se verifica é que, “além de se cantar muito menos do que se fala para os recém-nascidos, estes também têm ocasião de ouvir muito menos música tocada do que linguagem falada. Quando ouvem música, é mais frequente que isso se deva a um acaso do que a uma intenção. Daqui resulta que a maior parte das crianças não têm oportunidade de absorver os vários sons da música da mesma forma que os da linguagem.
A música é uma linguagem e tem em comum com a linguagem verbal os sons (fonologia), a estrutura que articula um discurso (sintaxe) e a possibilidade de veicular significados e emoções (semântica). Por isso, uma educação musical pré-verbal ajuda a estruturar o pensamento e favorece a aprendizagem das habilidades linguísticas, matemáticas e espaciais. É necessário atenção por parte do adulto para uma tarefa que está ao alcance de todos e que representa uma grande ajuda para o desenvolvimento de diferentes capacidades.
No que se refere ao desenvolvimento cognitivo, os estudos têm demonstrado que a música pode estimular a aprendizagem, o raciocínio lógico, a memória e o raciocínio abstrato. De facto, cada vez mais, a música é introduzida na educação infantil, em meios de ensino pré-escolar e escolar, e isto explica-se, não só pelo seu caráter lúdico (muito atrativo e apelativo para bebês e crianças), mas também pelo seu potencial de estímulo à aprendizagem e ao desenvolvimento de competências cognitivas básicas.
No que diz respeito ao desenvolvimento afetivo, os estudos têm demonstrado que a música, pelo seu caráter relaxante, pode ajudar a acalmar os bebês. Muitas mães já repararam que, colocar o bebé do lado esquerdo do seu peito, deixa-o mais calmo e tranquilo. Nesta posição o bebé ouve o mesmo som que ouvia quando ainda no útero materno, ou seja, o som do coração da mãe. De forma semelhante, com a exposição a músicas e melodias suaves, os bebés tendem a permanecer mais calmos. Assim, podemos afirmar que a música e o afeto parecem andar lado a lado quando falamos do desenvolvimento afetivo das crianças.
Pela sua componente lúdica, tão intrínseca à criança , torna- se num verdadeiro vinculo com a mãe permitindo uma exploração mais segura do mundo.
Ao nível do desenvolvimento emocional, a música promove múltiplas formas de expressão. Neste processo desenvolve-se um potencial criativo que a irá ajudar a raciocinar e resolver melhor as suas dificuldades.
Ao nível do desenvolvimento social destaca-se a sua forte influência no campo da maturação social , uma vez que a insere na sua própria cultura e ritos comunitários. A música consolida vínculos afetivos de muitas gerações.
Com informações do Blog Esmeralda Azul
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