A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos animou os apoiadores do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que veem uma chance de anistia ao antigo líder e renovam as expectativas de uma possível candidatura presidencial em 2026.
Para o governo do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a situação desperta preocupação, especialmente com relação ao impacto que Trump possa ter sobre políticas ambientais e sociais. Com a cúpula do G20 marcada para ocorrer no Rio de Janeiro nos próximos dias, o governo Lula teme que os Estados Unidos abandonem compromissos sobre mudanças climáticas, combate ao desmatamento da Amazônia e enfrentamento da fome e da pobreza.
Bolsonaro, conhecido por sua forte aliança com Trump e por uma trajetória política semelhante, foi um dos primeiros a comemorar o resultado. Em suas palavras, a vitória de Trump, “contra tudo e contra todos”, representa o “renascimento de um verdadeiro guerreiro” e marca uma reação a uma “perseguição judicial injustificável”, uma expressão que ele próprio usa para descrever o que chama de vitimização política que sofreu.
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, assessores e aliados de Bolsonaro acreditam que o retorno de Trump ao cenário global abre caminho para uma possível anistia ao ex-presidente no Brasil, uma questão que passará pelo Congresso brasileiro e será revisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O STF foi o órgão que declarou Bolsonaro inelegível até 2030, mas os aliados do ex-presidente acreditam que a vitória de Trump coloca uma nova pressão sobre a decisão final.
Outro elemento que causa preocupação entre magistrados e o governo é a relação entre Trump e o empresário Elon Musk, descrito pelo ex-presidente americano como “a nova estrela”. Musk, crítico do governo Lula e em conflito direto com o ministro do STF Alexandre de Moraes, teve sua plataforma X temporariamente bloqueada no Brasil e pode buscar uma revanche com apoio de Trump. Nos bastidores, especula-se até sobre possíveis sanções econômicas contra Brasília, caso Musk decida reagir ao que vê como perseguição.
Dentro do governo brasileiro, o clima é de tensão e de cautela. Lula, que recentemente expressou apoio à vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, optou por uma reação diplomática ao felicitar Trump, afirmando que “a democracia é a voz do povo e deve ser sempre respeitada”. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não escondeu a apreensão, comentando que o “dia começou cheio de tensão”, refletindo a volatilidade que essa vitória trouxe ao cenário econômico e político, com o dólar em alta e a pressão sobre o orçamento de 2025.
Para Lula, os próximos passos serão definir as prioridades que serão levadas ao G20, incluindo o combate à fome e à pobreza, além da pauta climática e ambiental. Entretanto, as expectativas são de que, sob a liderança de Trump, os Estados Unidos possam não aderir às pautas ambientais, dificultando os avanços planejados pelo governo brasileiro.
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