O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) intensificou o debate sobre a escala de trabalho 6×1 ao defender o fim dessa jornada semanal. Em um vídeo publicado nesta terça-feira (12), Cleitinho chamou a escala de “desumana” e enfatizou que o modelo de trabalho atual deveria ser alterado para favorecer os trabalhadores.
O senador mineiro, conhecido por seu discurso crítico em relação ao sistema político, também propôs uma redução nos impostos que incidem sobre as empresas. “Tem que acabar com essa escala de 6 por 1. Estão questionando o texto que está na Câmara. Então, temos que mudar esse texto, que acabe com essa escala, mas também diminua o imposto do empresário”, afirmou.
Cleitinho Azevedo, que ao lado do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) é considerado um dos expoentes da direita em Minas Gerais, surpreendeu ao divergir publicamente de seu colega em relação ao tema. Nikolas, também um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou a proposta de mudança na jornada, afirmando que ela poderia gerar consequências econômicas indesejadas.
“O pessoal do PSOL quer impor a escala 4×3. Cuidado com essas medidas populistas, porque logo estaremos trabalhando zero dias e ganhando zero reais”, disse o deputado Nikolas, sugerindo que a proposta poderia afetar empregos e encarecer custos para empregadores, especialmente nos setores de supermercados e hospitais.
A divergência entre os dois políticos conservadores se deu em meio a um acirrado debate sobre uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa limitar a jornada de trabalho a 36 horas semanais, abolindo a escala 6×1. O projeto é de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), e o Senado e a Câmara acompanham atentamente o debate sobre a proposta, que divide opiniões tanto entre parlamentares quanto entre especialistas em direito trabalhista e economia.
Além do embate com Nikolas, Cleitinho Azevedo vem usando suas redes sociais para criticar os privilégios concedidos aos políticos em comparação aos trabalhadores do setor privado. No vídeo publicado esta semana, ele apresentou um cartaz comparando os salários e a carga de trabalho entre “trabalhadores” e políticos, ressaltando que o salário mínimo no Brasil é de R$ 1.412, enquanto o de um senador chega a ultrapassar os R$ 41 mil.
Segundo Cleitinho, enquanto o trabalhador comum trabalha cerca de 264 dias ao ano, um político cumpre, em média, 151 dias de trabalho. O senador usou essa comparação para questionar a desigualdade de direitos e remuneração entre trabalhadores comuns e representantes públicos.
Nikolas Ferreira, por sua vez, tem mantido um posicionamento contrário ao da PEC. Em mais uma crítica à proposta, ele a classificou como “terrivelmente elaborada” e afirmou que poderia provocar inflação e desemprego, especialmente para as classes mais baixas. Em suas palavras, o texto da PEC “pode gerar inflação e aumentar os custos para empresas, principalmente em áreas essenciais, como supermercados e hospitais”. Para o deputado, mudanças na jornada de trabalho impactariam diretamente as empresas que, pressionadas pelos custos, tenderiam a demitir funcionários ou a reduzir salários.
A discordância pública entre Cleitinho e Nikolas, que historicamente compartilham diversas pautas em comum e já subiram juntos ao palanque do ex-presidente Bolsonaro, marca uma fase de distanciamento político entre os dois. Ambos são cotados como potenciais candidatos ao governo de Minas Gerais em 2026, o que aumenta o interesse público em torno de suas divergências. Cleitinho, ex-vereador de Divinópolis e com trajetória voltada para a transparência política, tem intensificado seu discurso a favor da redução da carga de trabalho. Nikolas, o deputado federal mais votado de Minas Gerais em 2022, mantém seu foco em pautas conservadoras e rígidas, geralmente alinhadas ao Partido Liberal e às ideologias bolsonaristas.
A PEC vem mobilizando o Congresso e gerando debates acalorados. De um lado, apoiadores argumentam que a medida visa proteger o bem-estar dos trabalhadores, especialmente no que se refere ao descanso semanal. Por outro, críticos alertam para os potenciais efeitos negativos sobre a economia e a sustentabilidade das empresas.
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