A Enel anunciou nesta terça-feira (3) investimentos significativos para melhorar a distribuição de energia elétrica em São Paulo e no Rio de Janeiro, após recentes problemas no fornecimento que geraram críticas e debates na Câmara dos Deputados.
Durante audiência pública nas comissões de Minas e Energia e de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, executivos da empresa detalharam os planos. Guilherme Lencastre, presidente do Conselho de Administração da Enel Brasil, declarou que serão destinados R$ 10,4 bilhões entre 2025 e 2027 para atender aos 8,23 milhões de clientes na capital paulista e em outros 37 municípios da região. Este montante, segundo ele, representa quatro vezes o total investido pelo antigo grupo controlador da Enel SP até 2018.
No Rio de Janeiro, o presidente da Enel Rio, Francesco Moliterni, anunciou um investimento de R$ 5,2 bilhões no mesmo período, beneficiando 2,77 milhões de unidades consumidoras em 66 cidades fluminenses.
Os recursos serão aplicados em diversas áreas, incluindo a contratação e treinamento de eletricistas, além de automação, reforço e manutenção da rede elétrica. Lencastre assegurou: “Sabemos o que precisa ser feito e temos capacidade para isso“.
Apesar dos anúncios, o deputado Marangoni (União-SP), um dos proponentes da audiência, expressou seu ceticismo: “Esses investimentos já deveriam ter sido feitos, e a população de São Paulo não teria ficado cinco, sete dias sem energia“, criticou, referindo-se à queda de energia em outubro que afetou cerca de 3,1 milhões de clientes na Grande São Paulo após um temporal. Problemas similares, embora em menor escala, também ocorreram no Rio de Janeiro.
Lencastre reconheceu os transtornos causados: “Ninguém vive sem energia, a gente tem total noção do transtorno causado para os clientes. Estamos melhorando. Não significa que estamos satisfeitos. Precisamos fazer mais? Sim.“
Indicadores de desempenho
Giácomo Bassi, superintendente de Fiscalização Técnica dos Serviços de Energia Elétrica da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), informou que a Enel-SP apresenta indicadores de desempenho inferiores a outras distribuidoras do país. Embora ambas as empresas (Enel SP e Enel RJ) demonstrem melhorias no Desempenho Geral de Continuidade (DGC), um indicador da Aneel que leva em conta a frequência e a duração das interrupções, elas ainda ocupam posições abaixo da média no ranking anual. A melhor colocação da Enel-SP nos últimos cinco anos foi o 15º lugar (em 2019), enquanto em 2023 ficou em 21º, empatada com a Enel-RJ. A CPFL Santa Cruz, para comparação, apresentou ótimos resultados, ficando apenas em segundo lugar em 2021.
Lencastre respondeu às críticas, afirmando que os principais indicadores do contrato da Enel SP estão sendo cumpridos, e que outros estão em processo de melhoria: “Os outros, temos dado atenção, e de 2023 para cá estão evoluindo, não chegamos onde precisamos estar, mas estão evoluindo“, avaliou.
A audiência pública foi presidida pelo deputado Hugo Leal (PSD-RJ) e contou com a participação de outros parlamentares, incluindo Murillo Gouvea (União-RJ), General Pazuello (PL-RJ), Julio Lopes (PP-RJ) e Max Lemos (PDT-RJ); além de Isabela Vieira, diretora do Ministério de Minas e Energia, e Eduardo Annunciato, presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.
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