Projeto usa dança para amenizar dores de mulheres com fibromialgia
A fibromialgia, uma doença crônica que afeta principalmente mulheres, manifesta-se através de dores musculares persistentes e sintomas como fadiga, distúrbios do sono e alterações de humor. Esta condição não apenas desafia a medicina convencional, mas também impõe um impacto significativo na qualidade de vida de quem a possui. No coração da cidade de Natal, um projeto inovador chamado Dança Fibro surge como um farol de esperança, oferecendo um caminho alternativo para aliviar essas dores crônicas.
O projeto, uma iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), combina o poder curativo da dança com o suporte comunitário, criando um ambiente onde as mulheres com fibromialgia podem encontrar alívio, tanto físico quanto emocional. Através da dança, estas mulheres não apenas trabalham para amenizar suas dores, mas também redescobrem a alegria de viver, reforçando laços sociais e conquistando um maior bem-estar.
Entendendo a Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome complexa, caracterizada por dor crônica generalizada e uma série de outros sintomas que variam de pessoa para pessoa. É mais comum em mulheres, afetando aproximadamente 2% da população mundial, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia. A condição não é apenas marcada por dor musculoesquelética, mas também por problemas como fadiga, sono não reparador, dificuldades cognitivas e, frequentemente, transtornos de humor como ansiedade e depressão.
O diagnóstico da fibromialgia é desafiador, pois não existem testes laboratoriais específicos, tornando-se um diagnóstico por exclusão baseado nos sintomas relatados pelos pacientes. Além disso, o tratamento da fibromialgia é igualmente complexo, envolvendo abordagens multidisciplinares que incluem medicamentos, terapias cognitivo-comportamentais, exercícios físicos e técnicas de relaxamento.
A fibromialgia não é apenas uma condição médica, mas também um desafio social e emocional. Muitas mulheres enfrentam dificuldades no trabalho, nas relações pessoais e nas atividades diárias devido à natureza imprevisível da dor e da fadiga. Esse impacto abrangente sobre a vida cotidiana destaca a necessidade de soluções inovadoras e solidárias, como o Projeto Dança Fibro, que oferecem não apenas alívio físico, mas também apoio emocional e social.
Dança Fibro
Iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o Projeto representa uma abordagem inovadora no tratamento da fibromialgia. Fundado há oito anos, o projeto tem como objetivo principal oferecer uma forma alternativa e complementar de terapia para mulheres que sofrem dessa condição. Com reuniões semanais no auditório do departamento de fisioterapia da universidade, o projeto se destaca por seu caráter inclusivo e comunitário.
Nas sessões, cada participante é recebida e avaliada individualmente pelos extensionistas, que são estudantes de Fisioterapia da universidade. Eles medem a pressão arterial e avaliam o nível de dor através da Escala Visual Analógica (EVA), permitindo um acompanhamento personalizado do progresso de cada uma. O programa das atividades é cuidadosamente elaborado para atender às necessidades específicas das participantes, com foco na redução da dor e no alívio do estresse.
A dança, elemento central do projeto, é apresentada em diversos ritmos como salsa, samba, sertanejo, forró, tecno-brega, reggaetón e hip-hop. Essa variedade não só mantém as sessões animadas e envolventes, mas também permite que as participantes explorem diferentes formas de movimento, o que é vital para a gestão da fibromialgia. A dança, nesta configuração, atua como uma terapia física, mas também serve como um poderoso instrumento de expressão emocional e conexão social.
Segundo o professor Marcelo Cardoso de Souza, coordenador do projeto, o aspecto social da dança é tão importante quanto o físico. “A oportunidade de socializar e fazer amizades com outras que passam pelas mesmas dificuldades ajuda muito no processo de aceitação de si mesma e de desabafar seus medos e dificuldades”, afirma.
Benefícios da dança para a Fibromialgia
O poder terapêutico da dança no contexto da fibromialgia é multifacetado. Fisicamente, a dança ajuda a melhorar a força muscular, a flexibilidade e a resistência, o que pode ser especialmente benéfico para quem sofre com dores crônicas e rigidez muscular. Os movimentos rítmicos e a natureza gentil de muitas danças permitem que as participantes aumentem gradualmente a sua atividade física sem exacerbar a dor.
Além dos benefícios físicos, a dança oferece uma saída expressiva significativa para as emoções, muitas vezes ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade, que são comuns em pessoas com fibromialgia. O ritmo e a música têm um efeito calmante e elevador, contribuindo para a melhoria do humor e do bem-estar geral.
Os depoimentos das participantes do Projeto Dança Fibro refletem essas mudanças positivas. Vânia Mônica dos Santos, uma das participantes, relata uma melhoria significativa em seu sono e estado geral de ânimo desde que se juntou ao projeto. “Me sinto mais leve, feliz e com novas amizades, que tem me feito bem“, ela compartilha.
Professor Marcelo Cardoso de Souza também enfatiza a importância do aspecto social da dança. A interação e o apoio mútuo que se desenvolve entre as participantes criam um ambiente positivo e encorajador, essencial para lidar com os desafios emocionais e psicológicos da fibromialgia.
Estudos têm demonstrado que atividades grupais como a dança podem ter um impacto positivo significativo na saúde mental e física, especialmente em condições crônicas como a fibromialgia. A combinação de exercício, apoio social e expressão emocional torna a dança uma ferramenta terapêutica poderosa no manejo dessa condição.
Impacto social
O Projeto Dança Fibro vai além do alívio físico da fibromialgia; ele desempenha um papel vital na construção de uma comunidade solidária e empática. A natureza grupal das atividades de dança cria um espaço seguro onde as mulheres podem compartilhar suas experiências, lutas e conquistas. Esse aspecto social é um dos pilares mais importantes do projeto.
A interação regular com outras participantes que enfrentam desafios semelhantes oferece um suporte emocional inestimável. Muitas mulheres encontram no projeto não apenas uma forma de lidar com a dor, mas também um local de pertencimento e compreensão. A socialização e a formação de amizades ajudam no processo de aceitação da doença e no fortalecimento da autoestima.
O feedback das participantes é um testemunho do impacto positivo do projeto. As histórias de melhoria no bem-estar emocional e aumento da confiança são comuns. Além disso, a inclusão de estudantes de fisioterapia no projeto não só beneficia os participantes com atendimento especializado, mas também enriquece a formação dos futuros profissionais da saúde, ampliando o impacto social do projeto.
A presença do Projeto Dança Fibro em Natal demonstra como intervenções criativas e baseadas na comunidade podem ter um impacto significativo na vida das pessoas, especialmente aquelas que vivem com condições crônicas como a fibromialgia.
Como participar do Projeto?
Para aquelas interessadas em se juntar ao Projeto Dança Fibro, o processo de inscrição é simples e acessível. Atualmente, o projeto acolhe 25 mulheres, mas as inscrições continuam abertas para novas participantes. Esta é uma oportunidade excelente para mulheres com fibromialgia em Natal que buscam maneiras alternativas de gerenciar sua condição e melhorar sua qualidade de vida.
Para expressar interesse, as interessadas podem seguir o perfil do projeto no Instagram, @projetodancafibro. Este canal oferece não apenas informações atualizadas sobre as inscrições, mas também insights sobre as atividades, depoimentos de participantes e dicas úteis relacionadas à fibromialgia. Além disso, um contato direto está disponível através do número (84) 98629-3837, onde as interessadas podem enviar mensagens de texto para obter mais informações ou se inscrever.
Participar deste projeto não apenas proporciona benefícios físicos e emocionais, mas também oferece a chance de ser parte de uma comunidade acolhedora e de apoio mútuo.