Novo esquema de vacinação contra a pólio: Brasil ‘dará adeus’ às gotinhas
A poliomielite, uma grave enfermidade que por anos atormentou e deixou sequelas em inúmeras vítimas no Brasil e no mundo, viu seu destino transformado com a introdução da vacina. As icônicas gotinhas, símbolo nacional de combate à doença, estão prestes a se aposentar. Mas, o motivo é encorajador: uma proteção ainda mais robusta contra a pólio se avizinha.
1. A transição das gotinhas para a aplicação intramuscular
As gotinhas, conhecidas por sua facilidade de aplicação e baixo custo, conquistaram um espaço especial no coração dos brasileiros. Sua contribuição foi vital na erradicação da pólio em diversas regiões. Luíza Helena Falleiros Arlant, presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil, relembra a tragédia de 1988, quando o mundo enfrentou mais de 350 mil casos da doença. Era imprescindível um método rápido e eficaz, e as gotinhas foram a solução.
Porém, os avanços da ciência nos mostram que é hora de evoluir. A vacina oral, apesar de sua eficácia, em raríssimas situações, pode levar a quadros de pólio vacinal. Isso é mais recorrente em crianças com desnutrição ou outras doenças intestinais. Ao contrário, a vacina inativada (aplicação intramuscular) oferece uma resposta imunogênica mais segura e duradoura.
2. Novo esquema de vacinação a partir de 2024
O Ministério da Saúde, respaldado pelas decisões da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, informou que, a partir do primeiro semestre de 2024, haverá uma reorientação no esquema de vacinação. Enquanto anteriormente era composto por três doses da VIP e duas doses de reforço da VOP, o novo modelo contará apenas com quatro doses da VIP, administradas aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade.
3. O Zé Gotinha e sua importância contínua
Apesar das mudanças, o icônico Zé Gotinha não se retirará. Sua figura, representando a importância vital da vacinação, continuará incentivando e educando a população sobre a necessidade da imunização, mostrando que cada aplicação intramuscular é um passo a mais rumo à proteção total contra a pólio.
4. Comparando as duas vacinas
Ao entender as vacinas, vemos claramente a superioridade da VIP. Enquanto a oral usa um poliovírus enfraquecido, mas ainda ativo, a inativada utiliza um vírus “morto”, que não tem possibilidade de sofrer mutações. Esse detalhe garante maior segurança, reduzindo a chance de surgirem variantes virulentas.
5. A situação atual e os desafios da cobertura vacinal
Infelizmente, a cobertura vacinal no Brasil tem enfrentado desafios. Desde 2016, temos visto uma queda, chegando a apenas 71% em 2021. Embora tenha havido uma melhoria em 2022, com a cobertura atingindo 77%, ainda estamos distantes da meta de 95%. Tais estatísticas escondem desigualdades profundas, como as baixas taxas de vacinação em Belém e no estado do Rio de Janeiro.
6. A Pólio no Brasil e no nundo
A trajetória da poliomielite no Brasil tem sido de conquistas. Desde 1989, não detectamos casos da doença. Em 1994, junto com todo o continente americano, fomos certificados como área livre de circulação do poliovírus selvagem. Globalmente, os esforços têm reduzido o número de casos de 350 mil em 1988 para apenas 29 em 2018.
Paulinho Dias, ator e músico que enfrentou a pólio aos 11 meses de idade, nos lembra da realidade antes das vacinas. Ele, como muitos outros, defende o poder e a necessidade da imunização. É essencial que olhemos para o passado, aprendendo com ele, para proteger nosso presente e futuro. A transição das gotinhas para a aplicação intramuscular não é apenas uma mudança de método, mas um avanço rumo a um Brasil livre da pólio.