Norte e Nordeste apresentam crescimento alarmante nas mortes por hepatite crônica viral
Dentre as muitas ameaças à saúde que assolam o Brasil, a hepatite crônica viral emerge como um problema de crescente importância, particularmente nas regiões Norte e Nordeste. Em um estudo recente divulgado pela Universidade Tiradentes, em Aracaju, foi identificado um aumento significativo nas taxas de mortalidade por essa doença nessas regiões.
Durante o período entre 2001 e 2020, as regiões Norte e Nordeste experimentaram um aumento de 6% e 5%, respectivamente, na mortalidade devido à hepatite crônica viral. Este é um cenário perturbador que requer uma análise cuidadosa.
A hepatite é uma inflamação no fígado que pode apresentar formas agudas ou crônicas, variando de casos curáveis a fulminantes. Sendo uma doença multifacetada, ela pode ser causada por uma série de fatores, incluindo vírus, o consumo excessivo de álcool e a exposição a certos medicamentos.
A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (3), na “Revista Brasileira de Epidemiologia”.
O Aumento de Mortes: A Visão de uma Especialista
Na recente entrevista concedida à CNN Rádio, a cirurgiã do aparelho digestivo Sonia Oliveira Lima, orientadora da pesquisa, discutiu algumas das possíveis causas para o aumento de óbitos no Norte e Nordeste. Uma delas é a melhoria na notificação de casos, que agora é obrigatória, e permite um acompanhamento mais preciso das taxas de infecção.
No entanto, a transmissão da doença é uma questão central, ligada diretamente a aspectos de infraestrutura e práticas de higiene. Sonia Oliveira Lima destaca: “A hepatite A, por exemplo, tem transmissão fecal-oral, e depende de saneamento básico, higiene pessoal, uso de descartáveis”.
Já as hepatites B, C e D são transmitidas por sangue ou esperma. A especialista ressalta a questão da cobertura vacinal insuficiente nessas regiões. Mesmo com diagnósticos simples, muitas vezes os exames necessários não são solicitados, perpetuando o ciclo de infecção e morte.
Tendências Regionais: Uma Contraposição
Ao contrário do Norte e Nordeste, a região Sudeste apresentou uma tendência de redução das mortes por hepatite no período analisado pela pesquisa. As demais regiões mostraram um número estacionário, sem aumento ou redução, o que também é muito grave, como afirma a cirurgiã.
Uma Chamada à Ação: Comunicação e Vacinação
O estudo reflete uma realidade preocupante, mas também abre espaço para ação e mudança. A Dra. Sonia defende a necessidade de melhor comunicação para que as informações sobre a doença cheguem até as pessoas. Paralelamente, incentivar a vacinação é uma medida indispensável para conter a progressão da hepatite crônica viral.
Como o estudo da Universidade Tiradentes mostra, a hepatite crônica viral não é um problema que podemos ignorar, principalmente no Norte e Nordeste do país. É um desafio de saúde pública que exige a atenção de todos nós, com medidas preventivas e de tratamento que devem ser acessíveis a todos, para garantir a saúde e o bem-estar da população.