Cármen Lúcia alerta para riscos da IA e reforça papel da imprensa contra fake news

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, abriu, na tarde desta quinta-feira (21), no Alright Summit, realizado no auditório SESI Lab, em Brasília (DF), o painel “A mentira destrói seu voto”.

Na palestra, a ministra destacou os perigos crescentes do uso de inteligência artificial (IA) na criação de notícias falsas, especialmente em períodos eleitorais; lamentou o que chamou de algoritmo de ódio, falou sobre a importância de a desinformação, as mentiras e as ficções serem enfrentadas, bem como destacou que o papel da imprensa profissional é ainda maior durante o processo eleitoral. O jornalista Rafael Nicácio participou do encontro representando o Portal N10.

Durante sua fala, Cármen Lúcia classificou a manipulação de informações por IA como “aterrorizante“, observando que a tecnologia pode gerar conteúdos que, embora fabricados, aparentam ser autênticos, ameaçando assim a integridade das eleições. “A liberdade de imprensa é essencial, mas deve ser exercida com responsabilidade para garantir que a informação seja verdadeira e confiável“, disse a ministra, destacando a importância de um jornalismo ético.

A ministra enfatizou a necessidade urgente de regulação do uso da IA, argumentando que, sem mecanismos de controle, essa tecnologia pode ser utilizada para manipular a opinião pública de maneira insidiosa. Ela relembrou os impactos das fake news nas últimas eleições e alertou para a possibilidade desse problema se agravar com o avanço das tecnologias de IA. “A democracia depende da qualidade das informações que chegam à população“, afirmou, ressaltando o papel vital dos veículos de comunicação na preservação da verdade e na promoção de um debate público saudável.

Além disso, durante o painel da Alright Summit, Cármen Lúcia criticou a propagação de desinformação através do que chamou de “algoritmo de ódio”. Ela destacou a necessidade de enfrentar essas ameaças com seriedade, especialmente em períodos eleitorais, destacando: “Não se constrói uma democracia sem uma imprensa livre, comprometida e responsável.”

Ela também abordou o impacto das novas tecnologias na sobrecarga de informações que os cidadãos recebem diariamente. Segundo a ministra, o volume massivo de dados, entregue em tempo real por diferentes plataformas, dificulta o discernimento entre o que é real e o que é fabricado. “Hoje, todas as pessoas recebem, nas suas telas, um volume de dados tão grande que não dá para ninguém raciocinar“, explicou. Mesmo assim, Cármen Lúcia declarou ser uma defensora da tecnologia, desde que seu uso seja responsável e voltado para o bem-estar social.

No evento da Alright Summit, a ministra destacou ainda a campanha do TSE em parceria com a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e outras 11 instituições de comunicação. Com o lema “Jornalismo é confiável, fala nossa língua, protege da desinformação e fortalece a democracia”, a campanha busca educar eleitores e jornalistas sobre os perigos da desinformação.

A iniciativa inclui dois playbooks: “Como Funciona o TSE para os Eleitores“ e “Como Funciona o TSE para os Jornalistas“. Essas cartilhas, disponíveis online, abordam desde a segurança das urnas eletrônicas até como proceder em situações adversas e denunciar irregularidades. O material também inclui um glossário de termos técnicos e informações sobre o Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação (PPED), criado em 2019 para combater fake news.

O Alright Summit reuniu mais de 40 portais de diferentes regiões do Brasil para debater temas como perspectivas de mulheres no jornalismo digital, transformação digital dos veículos de comunicação, colaboração no jornalismo hiperlocal, inteligência artificial, e cultura da experimentação. O evento destacou a importância de estratégias inovadoras e a adaptação às novas tecnologias para enfrentar os desafios do jornalismo contemporâneo.

Confira a participação da ministra: