Alvo da PF, Bolsonaro tem 24 horas para entregar passaporte

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi notificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a ordem do ministro Alexandre de Moraes, a entregar seu passaporte às autoridades em um prazo máximo de 24 horas. Este mandado é parte de uma ampla operação da Polícia Federal (PF) que investiga uma série de ações e planos que visavam a desestabilização do processo democrático brasileiro, seguindo a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022.

A operação, que se estende por 10 unidades federativas, inclui 33 mandados de busca e apreensão, 4 ordens de prisão preventiva e 48 medidas cautelares, abrangendo uma lista de civis e militares próximos ao ex-presidente. Dentre os visados estão figuras de alto escalão das Forças Armadas e membros do partido de Bolsonaro, evidenciando a profundidade da investigação sobre as tentativas de interferir no processo democrático.

Em resposta à determinação do ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro comprometeu-se a entregar seu passaporte dentro do prazo estipulado de 24 horas. Este posicionamento foi confirmado por Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, destacando que o documento estava na sede do Partido Liberal (PL). Atualmente, Bolsonaro se encontra em Angra dos Reis, RJ, na casa de veraneio na praia de Mambucaba.

As peças do tabuleiro

Neste xadrez político, a operação da Polícia Federal mira alto, com alvos que incluem nomes de peso tanto do cenário civil quanto militar. Entre os destacados estão o General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil; General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); General Paulo Sérgio Nogueira, também ex-ministro da Defesa; e o Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha. Além destes, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e delegado da Polícia Federal; Valdemar Costa Neto, presidente do PL; e Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, conhecido por sua influência dentro do chamado “gabinete do ódio”, estão entre os principais alvos.

ENTRE NO CANAL DO PORTAL N10 NO WHASTAPP

Essa lista revela a amplitude e a seriedade das investigações, apontando para uma rede de aliados do ex-presidente que agora enfrentam o escrutínio da justiça.

A trama desvendada

No coração desta operação estão acusações graves: a disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro e a tentativa de legitimar uma intervenção militar para manter Bolsonaro no poder.

A PF identificou dois eixos principais nessas atividades subversivas. Primeiro, a propagação de narrativas infundadas de fraude nas urnas, mantidas mesmo após a confirmação dos resultados eleitorais.

Neste segmento da investigação, o foco recai sobre a propagação sistemática de informações falsas acerca do sistema eleitoral do Brasil. Os investigados são suspeitos de orquestrar uma campanha de desinformação, visando minar a confiança pública na integridade das urnas eletrônicas. Essa estratégia foi empregada mesmo diante da ausência de evidências que sustentassem as alegações de fraude, persistindo nas narrativas de vulnerabilidade do sistema eletrônico de votação após a oficialização dos resultados eleitorais.

O segundo eixo investigativo adentra em ações mais diretas contra a estrutura democrática do país. A operação revelou tentativas de articular um golpe de Estado, com esforços que iam além da retórica, buscando meios práticos para abolir a ordem democrática. Este aspecto da investigação destaca o envolvimento de segmentos militares, notadamente um grupo conhecido como “kids pretos“.

Dentro das Forças Especiais do Exército Brasileiro, os “kids pretos” referem-se a uma unidade de elite, treinada para operações especiais. Esses militares, reconhecidos por sua capacitação e habilidades específicas, foram mencionados nas investigações como possíveis apoiadores das tentativas de desestabilização política.

Estas revelações não apenas ilustram a tentativa de um golpe – segundo investigações, mas também destacam a complexidade da operação que tentou desafiar a fundação democrática do Brasil. As investigações, potencializadas pela delação de Mauro Cid e outras sequências de apurações, sublinham a gravidade dos atos investigados, que podem levar a acusações de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.

Reações e declarações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar sobre a recente operação da Polícia Federal, enfatizou a seriedade das investigações e a essencialidade de se apurar as tentativas de golpe ligadas ao ex-presidente Bolsonaro e seus aliados. Lula destacou que, embora não possa interferir ou dar opiniões sobre investigações em andamento, é indiscutível a existência de um esforço coordenado para subverter a democracia, fruto da insatisfação com o resultado eleitoral de 2022. Ele “reforçou” a visão de que esses atos de desrespeito ao processo democrático não podem ser ignorados e devem ser minuciosamente investigados para assegurar a integridade do Estado Democrático de Direito.

Posição do Exército

O Exército Brasileiro, diante das circunstâncias extraordinárias que envolvem a operação da PF, tomou uma posição de cooperação, acompanhando as ações contra militares implicados na investigação. Esta postura reflete o compromisso da instituição com a legalidade e a ordem constitucional, demonstrando um alinhamento às diretrizes do poder judiciário e às necessidades da investigação em curso.

Ao se envolver de maneira construtiva, o Exército sinaliza seu respeito ao processo legal e sua disposição em contribuir para o esclarecimento dos fatos, reafirmando seu papel de guardião da democracia e da segurança nacional, mesmo quando enfrenta questionamentos internos relacionados a membros da corporação.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo
Fechar

Permita anúncios para apoiar nosso site

📢 Desative o bloqueador de anúncios ou permita os anúncios em nosso site para continuar acessando nosso conteúdo gratuitamente. Os anúncios são essenciais para mantermos o jornalismo de qualidade.