Exército mantém 160 dos 480 militares aquartelados, após furto de metralhadoras

Na última terça-feira (17) o Exército decidiu “soltar” cerca de 320 dos 480 militares que foram impedidos de sair do quartel em Barueri, na Grande São Paulo, após o furto de 21 metralhadoras, detectado há mais de uma semana. Porém, aproximadamente 160 militares continuam “aquartelados”. O Exército resolveu manter esses outros militares retidos, que representam quase 1/3 da tropa, como medida necessária para que eles sejam ouvidos na investigação que tenta localizar e recuperar as 13 metralhadoras calibre .50, e das oito metralhadoras calibre 7,62 que despareceram no último dia 10 de outubro do Arsenal de Guerra da cidade.

Os motivos que levaram a liberação dos 320 militares não foi detalhado pelo Exército, mas foi afirmado que a medida “não é mais necessária” no caso deles. Os militares que continuam “aquartelados” não estão presos, detidos ou são investigados, segundo o órgão. Apesar de disso, ninguém pode ir para casa. Parte deles, 35 militares, já foi ouvida no Inquérito Policial Militar (IPM) da corporação sobre o furto. Quem está retido no quartel são soldados, cabos, sargentos, tenentes, capitães, majores e coronéis. Eles tiveram celulares confiscados por seus superiores hierárquicos, segundo fontes da reportagem.

Por uma semana, os familiares dos militares têm ido na frente do Arsenal de Guerra buscar informações sobre seus parentes “aquartelados”. O contato com eles está sendo feito por meio de um representante do Exército. O furto das metralhadoras tem uma apuração interna realizada única e exclusivamente pelo Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista, e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), com sede em Brasília. A principal suspeita é de que militares possam estar envolvidos no sumiço das armas. Até o momento não há registro de que a base tenha sido invadida por criminosos externos.

“Acerca da apuração do caso em tela, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informa que no dia 17 de outubro de 2023, o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) passou da situação do estado de prontidão para sobreaviso, o que significa uma redução do efetivo da tropa aquartelada. A investigação segue em curso e está sob sigilo. Temos total interesse em informar e enviaremos as atualizações do caso quando for oportuno”, informa nota divulgada pela assessoria de imprensa do Exército.

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De acordo com o Exército, as armas furtadas eram “inservíveis”, não estariam funcionando e passariam por manutenção. E apesar de o CMSE e o DCT não terem acionado as forças de segurança do Estado para ajudar nas investigações, a Polícia Civil e a Polícia Militar (PM) informaram que estão tentando procurar o armamento do lado de fora do quartel. Para isso, analisam câmeras de monitoramento de Barueri e realizam operações na região.

Furto de metralhadoras do Exército

Está sob investigação desde a semana passada pelo Exército e a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo o desaparecimento de 21 metralhadoras do arsenal de guerra que estavam em um quartel das Forças Armadas em Barueri, na região metropolitana da capital. A ausência do armamento foi notada durante uma inspeção no local na terça-feira (10). Segundo o Exército, o material era inservível e tinha sido recolhido para manutenção.

Oficialmente, o caso não é tratado como roubo ou furto na nota emitida na última sexta-feira (13) pelo Exército. Apesar disso, o secretário de Segurança do Estado, Guilherme Derrite, chama o caso de furto, quando objetos são subtraídos sem uso da violência. O Comando Militar do Sudeste disse ter instaurado um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias do fato. O Exército descreveu a ocorrência como “uma discrepância no controle” das armas e disse ter tomado todas as providências para investigar o caso.

O Comando Militar do Sudeste informou no último sábado (14), que mantém cerca de 480 militares aquartelados. “Os militares estão sendo ouvidos para que possamos identificar dados relevantes para a investigação”, afirma a nota. “Nós da segurança de São Paulo não vamos medir esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população”, escreveu Derrite, secretário de Segurança Pública do Estado de SP, no X (ex-Twitter).

Metralhadoras calibre .50 são equipamentos de alto interesse de grupos criminosos organizados, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que é conhecido por “alugar” armas de alto calibre para assaltos a carros-fortes, transportadoras e agências bancárias. Em 2016, o assassinato do megatraficante Jorge Rafaat Toumani, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, foi realizado com uso desse armamento pesado.

Já o fuzil automático leve (FAL) de calibre 7,62 é adotado pelo Exército como armamento padrão de combate desde a década de 1960. “O FAL utiliza a munição 7,62x51mm NATO, que concede ao armamento uma alta precisão no engajamento dos alvos e grande letalidade”, descreve um estudo da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Rio. A análise acrescenta que a partir de 2017 teve início uma substituição gradual do FAL por um armamento de calibre 5,56 mm.

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