Em delação, Cid afirma que Bolsonaro consultou militares sobre plano de golpe
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente coronel Mauro Barbosa Cid contou a Polícia Federal que presenciou reuniões em que Bolsonaro e militares trataram de golpe militar. Essas informações foram reveladas durante a madrugada desta quinta-feira (21).
De acordo com o relato de Cid, Bolsonaro se reuniu com integrantes da Marinha e do Exército. Nesses encontros, Bolsonaro falou sobre uma “minuta de golpe”, detalhada, que previa ilegalidades como afastamento de autoridades. Essas informações foram prestadas por Mauro Cid nos depoimentos que embasaram a oferta de delação. Logo após esses relatos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, validou o acordo de delação premiada.
Confira em detalhes segundo os investigadores, o que Cid apresentou durante seu depoimento:
- Houve uma reunião entre Jair Bolsonaro e integrantes da Marinha, após o segundo turno das eleições, para tratar de uma proposta de golpe militar
- No encontro, os envolvidos trataram especificamente de uma minuta, ou seja, um rascunho de decreto golpista
- Além de militares, havia integrantes do chamado “gabinete do ódio” na reunião
- Não é possível dizer que a minuta em discussão era a mesma encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres
- O documento discutido na reunião tratava de uma série de ilegalidades, incluindo afastamentos de autoridades
- A ideia foi recebida com entusiasmo pelo representante da Marinha, mas o Exército ficou mais reticente
- O plano não foi adiante em razão da falta de adesão
Cid detalha reunião entre Bolsonaro e cúpula militar
O tenente-coronel Mauro Cid revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou com a cúpula militar, logo após a derrota no segundo turno das eleições de 2022, para avaliar um golpe de estado. A declaração foi feita em um dos depoimentos que compõem a delação premiada firmada entre Mauro Cid e a Polícia Federal (PF).
Segundo as informações apresentadas por Cid, Bolsonaro recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários. Na ocasião, Bolsonaro teria submetido o teor do documento em conversa com militares de alta patente. Ainda de acordo com o depoimento, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, se manifestou favorável ao plano golpista durante as conversas de bastidores, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.
Mauro Cid contou aos investigadores que estive presente nas reuniões, tanto na que o documento foi entregue quanto na de Jair Bolsonaro com os militares. Os investigadores suspeitam que essas articulações resultaram nos atos golpistas do 8 de janeiro. Após a delação de Mauro Cid, os investigadores realizam, agora, diligências para verificar as informações apresentadas pelo tenente-coronel. Caso necessário, Cid poderá ser convocado novamente para esclarecimentos complementares.
Ministro da Defesa se pronuncia após delação
Também nesta quinta-feira (21), o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, recebeu as notícias de que a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid à PF inclui relatos de uma suposta reunião de Jair Messias Bolsonaro (PL) com militares do alto comando. Na pauta, estaria a discussão de uma minuta golpista.
José Mucio destacou que não ter informações concretas sobre o assunto, queixou-se de vazamentos sem fontes concretas e pontuou: “A única coisa que tenho certeza é de que as Forças Armadas não quiseram um golpe”. Desde que assumiu a Defesa, o ministro vem gerenciando crises. Agora a situação é agravada, não só pelo 8 de Janeiro, mas também pelas revelações do envolvimento de militares em atos suspeitos do governo Bolsonaro.
A prisão de Mauro Cid agravou o quadro, já que no celular do tenente-coronel foram encontrados desde registros de venda irregular de presentes destinados ao estado brasileiro, até súplicas por um golpe de Estado, com direito a minuta golpista e parecer de supostos juristas.
Diante das revelações, Cid fechou um acordo de delação premiada. Múcio alega desconhecimento prévio, quanto as informações noticiadas. “Tudo o que sei, sei pela imprensa. Não recebemos nenhuma informação oficial do Supremo ou outro órgão. A única certeza que tenho é a de que as Forças Armadas não quiseram um golpe. Graças a isso estamos aqui.”