RN ganha 1ª planta-piloto do Brasil para produzir combustível sustentável de aviação
O Rio Grande do Norte entra para a história como o primeiro estado brasileiro a receber uma planta-piloto destinada à produção de combustível sustentável de aviação (SAF). O Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados (H2CA) é fruto de uma colaboração estratégica entre o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável.
Instalado em Natal, a capital do estado, o laboratório pretende elevar a produção de Syncrude, um petróleo sintético, para até 5 litros por dia. O objetivo é que o novo combustível contribua para a redução de gases de efeito estufa no setor de transporte aéreo brasileiro, uma questão ambiental crítica. Esta iniciativa chega em um momento propício, já que o mercado está ávido por soluções energéticas sustentáveis.
Cooperação internacional impulsiona a sustentabilidade
O H2CA é uma iniciativa conjunta entre Brasil e Alemanha, inserida no projeto H2Brasil. Com um investimento de mais de 712 mil euros (aproximadamente R$ 4 milhões), a meta é produzir querosene sustentável de aviação (QAV), um tipo de SAF.
O projeto e seus impactos
Segundo Fabiola Correia, coordenadora do projeto, a planta-piloto tem “maturidade industrial que possibilita passarmos da escala de produção experimental para uma escala maior.” O passo seguinte é buscar a certificação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a fim de introduzir o produto no mercado.
Da glicerina ao combustível sustentável
Uma das inovações do H2CA é a transformação da glicerina, um coproduto da indústria de biodiesel, em SAF. A glicerina é subutilizada no Brasil e frequentemente exportada a preços baixos. “O projeto visa dar uma destinação mais nobre à glicerina, agregando valor por meio da produção de combustível”, enfatiza Fabiola.
Tecnologia e processos
A glicerina é convertida em gás de síntese através de recirculação química. Este gás é depois enviado para um “reator de Fischer-Tropsch”, onde se transforma em SAF. Esse método permite a utilização de diversas matérias-primas para a produção de combustíveis.
O futuro do SAF
Estima-se que a demanda global por SAF cresça de 100 milhões de litros em 2021 para 5 bilhões de litros em 2025, segundo a International Air Transport Association (IATA). “O Brasil, especialmente o Rio Grande do Norte, tem um grande potencial para ser um produtor significativo“, diz Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil.
A partir de 2027, a aviação brasileira terá que reduzir suas emissões de carbono em voos internacionais. Atualmente, a ANP já permite uma mistura de até 50% de SAF em combustíveis fósseis.
Um ambiente favorável para a inovação
O Rio Grande do Norte, conhecido por sua produção de energia eólica, oferece um ambiente propício para o desenvolvimento do SAF. Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, aponta que o estado tem “uma abundante disponibilidade de energia renovável, especialmente a eólica.”
O projeto de produção de Combustível Sustentável de Aviação no Rio Grande do Norte é um marco na busca por energias renováveis e sustentáveis. Não só coloca o Brasil na rota da inovação em aviação sustentável, mas também fortalece laços de cooperação internacional e estimula a economia local. É um passo significativo para a redução das emissões de gases de efeito estufa, não apenas atendendo às demandas regulatórias, mas também proporcionando um novo horizonte para a indústria da aviação e a sustentabilidade global.