Operação da PF mira Bolsonaro, ex-ministros e militares

Na manhã desta quinta-feira (08), uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros e militares. Foram cumpridos mandatos de prisão preventiva e de busca e apreensão contra investigados de participarem de tentativa de golpe de Estado.

Intitulada Operação Tempus Veritatis (Tempo da Verdade), a ação da PF tem como objetivo investigar a atuação dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. De acordo com a PF, a organização criminosa buscava obter vantagem de natureza política e a manutenção do então presidente Jair Bolsonaro no poder.

Nesse sentido, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares. Os alvos estão proibidos de manterem contato com outros investigados e de se ausentarem do país, sendo obrigatória a entrega dos passaportes no prazo de 24 horas. Além disso, estão suspensos do exercício de funções públicas.

A Operação da PF contra Bolsonaro e seus apoiadores executou mandatos em diversos estados do país. (Foto: Agência Brasil)
A Operação da PF contra Bolsonaro e seus apoiadores executou mandatos em diversos estados do país. (Foto: Agência Brasil)

Os mandatos foram cumpridos contra alvos no Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

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Veja a lista de alvos da operação da Polícia Federal

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
  • General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  • Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
  • Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
  • Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro;
  • Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro;
  • Ailton Barros, coronel reformado do Exército;
  • General Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  • Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
  • Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
  • Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  • Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
  • Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  • Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;
  • José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
  • Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro;
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
  • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.

Presos preventivamente

  • Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
  • Marcelo Câmara, coronel do Exército ex-assessor especial de Bolsonaro;
  • Coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto;
  • Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.

Bolsonaro revisou e pediu mudanças na minuta do Golpe, aponta decisão do STF

Divulgada nesta quinta-feira (08), a petição 12.100/DF, trouxe mais informações sobre o caso e a autorização do Ministro Alexandre de Moraes para o prosseguimento da operação da PF. Entre as ações relatadas no documento, uma delas diz respeito a conduta do ex-presidente Bolsonaro em relação a chamada “minuta do golpe de Estado“.

De acordo com o documento, Bolsonaro teria não apenas revisado a minuta como teria também solicitado alterações no texto. Apresentado por Felipe Martins e Amauri Peres Saad em 07 de dezembro de 2022, o decreto de golpe de estado previa a “prisão de diversas autoridades”, entre elas os Ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes; além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A minuta golpista previa ainda a realização de novas eleições.

Contudo, de acordo com o que relata a decisão, à época por ordem do então presidente da República, a minuta teria sido alterada, passando a constar o pedido de prisão apenas do ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições. Nesse sentido, a partir daí o ministro passaria a ser monitorado, o que de acordo com a decisão do STF evidencia que o plano para a execução da minuta estariam em curso.

O que diz a defesa?

O advogado do ex-presidente Bolsonaro, Fabio Wajngarten, se pronunciou oficialmente em suas redes sociais. De acordo com a defesa, o passaporte do ex-presidente já foi entregue a PF.

Em cumprimento às decisões de hoje, o Presidente @jairbolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes”, escreveu no X, antigo Twitter. Ainda de acordo com Wajngarten, Bolsonaro “já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba [em Angra dos Reis] retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”.

Além de Bolsonaro, outros investigados devem se pronunciar oficialmente nas próximas horas. A matéria segue apurando os desdobramentos da operação da PF contra envolvidos na tentativa de golpe de Estado.

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