EUA e Argentina reconhecem González como vencedor das eleições na Venezuela
EUA e Argentina reconhecem Edmundo González como vencedor das eleições venezuelanas. Maduro denuncia golpe e repressão aumenta, com protestos e mortes.
Na quinta-feira (1º), o Departamento de Estado dos EUA declarou o reconhecimento de Edmundo González Urrutia como o legítimo vencedor das eleições presidenciais na Venezuela, citando “evidências esmagadoras“. Esta decisão surge após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciar Nicolás Maduro como o vencedor das eleições de domingo (28 de julho), um resultado que gerou controvérsia e protestos.
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, afirmou que os resultados divulgados pelo CNE “não representam a vontade do povo venezuelano” e apelou por uma transição pacífica em conformidade com a lei eleitoral venezuelana. Blinken destacou que o anúncio dos resultados pela CNE, controlada por Maduro, foi profundamente falho. O Departamento de Estado criticou a falta de transparência na contagem dos votos e condenou a repressão contra manifestantes que ocorreram após o anúncio dos resultados.
Diana Mondino, chanceler argentina, também reconheceu González como o “legítimo vencedor e presidente eleito” da Venezuela. Em uma interação em sua conta de X, Mondino afirmou que, apesar de os dados terem sido publicados em uma página web sem validade legal, confirmam “sem lugar a nenhuma dúvida” o triunfo de González. Com isso, a Argentina se junta aos EUA no reconhecimento de González como o vencedor legítimo das eleições.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou Nicolás Maduro como vencedor das eleições com 51,20% dos votos, apesar das alegações de fraude e manipulação. A oposição, liderada por María Corina Machado, que foi impedida de concorrer por Maduro, divulgou números que mostram González obtendo 6,27 milhões de votos, enquanto Maduro teria recebido apenas 2,75 milhões. A oposição afirma ter contagens de 80% das urnas que mostram uma vitória clara de González.
Resposta de Maduro
Em resposta às declarações internacionais, o governo de Maduro repudiou as afirmações dos EUA, acusando-os de liderarem uma tentativa de golpe de Estado e promoverem uma “agenda violenta” contra o povo venezuelano. Em um comunicado, a chancelaria venezuelana descreveu as ações dos EUA como uma “perversa manobra” para desestabilizar o país, utilizando “a mentira e a manipulação” através de grandes meios de comunicação e redes sociais. Maduro também retirou seu pessoal diplomático de sete países latino-americanos, incluindo a Argentina, e exigiu a retirada imediata dos representantes desses países da Venezuela.
Protestos e repressão
Desde o anúncio dos resultados, protestos eclodiram em várias partes do país, resultando em pelo menos 11 mortes e mais de mil detenções, conforme relatado pelo grupo de direitos humanos Foro Penal. As autoridades venezuelanas atribuem a violência a “grupos criminais e organizações fascistas”, que teriam executado os atos violentos. A oposição, por outro lado, culpa a repressão governamental e alega que os “comanditos” são grupos comunitários organizados que protestam pacificamente contra o governo.
Brasil, Colômbia e México pediram transparência no processo eleitoral, solicitando que o CNE publique todos os dados de votação. A Organização de Estados Americanos (OEA) também pediu a divulgação completa dos resultados, mas uma resolução de emergência não obteve apoio suficiente após abstenções da Colômbia e do Brasil.