Moscou acusa OTAN de preparação para “conflito potencial” com a Rússia
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia destacou que a Aliança está realizando os maiores exercícios militares desde a Guerra Fria.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, declarou neste sábado que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está se preparando para um “conflito potencial” com a Rússia. As afirmações foram feitas em resposta às alegações de ataques híbridos da Rússia contra os membros do bloco.
Segundo Zakharova, os exercícios militares da OTAN, denominados Steadfast Defender, os maiores desde a Guerra Fria, estão acontecendo próximo às fronteiras russas. “Estão sendo praticadas ações em coalizão contra a Rússia utilizando todos os instrumentos, incluindo armas híbridas e convencionais“, afirmou a porta-voz. Ela também acusou a OTAN de iniciar uma guerra híbrida contra a Rússia em todos os ambientes operacionais e em todas as direções geográficas.
Além disso, Zakharova comentou sobre o conflito na Ucrânia, destacando a participação ativa dos membros da OTAN no que ela descreve como um “enfrentamento real” com a Rússia. “Não apenas financiam o regime de Kiev e fornecem armas, mas também fornecem dados de inteligência que resultam em ataques com armas ocidentais contra civis e infraestruturas civis em território russo“, denunciou.
Os exercícios Steadfast Defender iniciaram em 31 de janeiro e se estenderão até maio, envolvendo mais de 50 navios — de porta-aviões a destróieres — e mais de 80 aeronaves de combate, além de aproximadamente 90.000 soldados dos países membros da OTAN.
Em resposta a acusações anteriores de ataques híbridos pela Rússia, a OTAN acusou a Rússia de desinformação e de aumentar a retórica anti-russa para justificar uma militarização sem precedentes da Europa. Este contexto inclui o incidente não resolvido do sabotamento dos gasodutos Nord Stream.
A OTAN, por sua vez, defende que o Steadfast Defender 24 demonstra a unidade e a força da aliança em proteger seu território. “O exercício mostrará nossa capacidade de implantar, mover e utilizar reforços da América do Norte e outras partes da aliança para a Europa continental“, declarou o general Christopher G. Cavoli, Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa.
Este exercício é o principal teste de defesa da aliança aprovado na última cúpula em Vilnius, na Lituânia, e se baseia em um cenário fictício do Artigo 5, que simula um ataque contra a aliança por um adversário de igual capacidade.
Enquanto isso, a Rússia continua sua campanha militar na Ucrânia, que se intensificou desde a invasão em 2014 e a subsequente anexação da Crimeia. A OTAN tem fortalecido sua defesa e dissuasão no continente desde então, com o Steadfast Defender sendo parte de um planejamento que leva em conta as ações da Rússia.
O exercício Steadfast Defender é um componente crítico para testar a prontidão da OTAN frente a um ambiente de segurança imprevisível, enfatizando a importância de estar preparada para deter todas as ameaças e defender todos os aliados.
Vale lembrar que recentemente o Reino Unido anunciou um aumento significativo nos gastos com defesa, refletindo preocupações com a crescente instabilidade global. De acordo com o Ministro da Defesa, o governo britânico planeja aumentar seu orçamento de defesa em resposta a um mundo que, segundo ele, está se tornando “cada vez mais perigoso“. Este aumento visa fortalecer as capacidades militares do país frente às ameaças emergentes e sustentar os compromissos assumidos com a OTAN.
O governo britânico justifica esta decisão como uma resposta necessária ao cenário de ameaças evolutivas, que inclui o aumento das atividades militares russas, as tensões no Leste Asiático, e outros desafios de segurança global. Este investimento adicional em defesa também busca promover a modernização das forças armadas britânicas, incluindo a atualização de equipamentos e a expansão de suas capacidades cibernéticas e espaciais.