Argentina solicita ingressar como “parceiro global” na OTAN
Status pode significar acesso a treinamentos avançados, tecnologias de defesa e um papel mais ativo em operações humanitárias e de paz
Em um movimento estratégico visando ampliar suas alianças internacionais e modernizar suas forças armadas, a Argentina oficializou seu pedido para tornar-se um “parceiro global” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa, Luis Petri, após uma reunião significativa com o secretário-geral adjunto da OTAN, Mircea Geoana, em Bruxelas, Bélgica.
Durante o encontro, que ocorreu nesta quinta-feira (18), Petri entregou a Geoana uma carta de intenção que formaliza o desejo argentino de elevar seu status dentro da organização. Em suas palavras, o ministro expressou o compromisso do país em “recuperar vínculos que permitam modernizar e capacitar nossas forças ao padrão da OTAN“. Este passo é visto como uma continuação dos esforços de Buenos Aires em se alinhar mais estreitamente com as práticas e normas da aliança militar.
A Argentina, que já possui o status de aliado extra-OTAN desde 1998, busca agora se juntar ao seleto grupo de nações não-europeias que cooperam de forma individual com a OTAN, conhecidas como “parceiros globais”. Atualmente, esse grupo inclui países como Austrália, Japão, Coreia do Sul e Colômbia — este último sendo o único na América Latina até o momento.
A importância da parceria
A parceria global com a OTAN não implica em uma participação direta nos mecanismos de defesa coletiva da Europa e da América do Norte, mas permite um engajamento mais profundo em questões de segurança. Para a Argentina, essa colaboração pode significar acesso a treinamentos avançados, tecnologias de defesa e um papel mais ativo em operações humanitárias e de paz sob a égide da OTAN.
Além disso, o envolvimento argentino poderia também incluir contribuições em áreas críticas como ciberdefesa, segurança marítima e resposta a desastres — temas cada vez mais pertinentes diante de desafios globais emergentes como ataques cibernéticos e terrorismo.
O pedido da Argentina para se tornar um sócio global surge em um contexto de fortalecimento das relações militares e de defesa sob a administração do presidente Javier Milei. Recentemente, o país firmou um acordo significativo com a Dinamarca para a aquisição de 24 aviões de combate F-16, com financiamento dos Estados Unidos, marcando uma fase de modernização expressiva de suas capacidades militares.
Perspectivas e desafios
Enquanto a OTAN continua expandindo suas colaborações fora do tradicional eixo norte-atlântico em resposta a ameaças globais, a inclusão da Argentina como sócio global potencializa não apenas o alcance da organização, mas também a influência geopolítica do país sul-americano. No entanto, esse processo não está isento de desafios, principalmente no que tange às negociações políticas e ajustes nos padrões militares que a Argentina terá que adotar.
A decisão final sobre a admissão da Argentina como sócio global depende agora do consenso entre os 32 membros da OTAN, após avaliação criteriosa das contribuições que o país pode oferecer e dos benefícios mútuos que a parceria pode gerar.