Quantidade de brasileiros que pedem visto de trabalho nos EUA cresce 48%
Em busca de novos horizontes e oportunidades profissionais, os brasileiros estão cada vez mais voltando seus olhos para o sonho americano. A promessa de salários atraentes e uma carreira promissora nos Estados Unidos nunca pareceu tão tentadora, e isso se reflete claramente na recente escalada de pedidos de green cards de trabalho por parte dos cidadãos do Brasil. Em 2023, observou-se um salto significativo de 48% nas solicitações, um número que não apenas ressoa as ambições individuais, mas também ecoa uma tendência global de mobilidade laboral.
Essa procura não é um fenômeno isolado, mas uma resposta direta ao dinamismo do mercado de trabalho norte-americano que, em contraste com a economia brasileira ainda recuperando-se de flutuações e incertezas, oferece um terreno fértil para profissionais altamente qualificados. Os Estados Unidos, reconhecendo a necessidade de inovação e crescimento contínuos, abriram suas portas para talentos estrangeiros, especialmente na vanguarda tecnológica e científica, setores onde a demanda por especialistas é alta e a oferta interna nem sempre suficiente.
Neste contexto, os profissionais brasileiros, armados com suas habilidades e aspirações, estão não apenas buscando melhorar suas vidas, mas também contribuir para o tecido de uma das maiores economias do mundo.
Emissão de vistos EB para brasileiros
Com números que impressionam e revelam uma tendência crescente, o ano de 2023 se destaca na história da imigração brasileira para os Estados Unidos. O governo norte-americano registrou um total de 10.690 pedidos de green cards de trabalho provenientes do Brasil, marcando um aumento de 48% em comparação aos 7.179 pedidos do ano anterior. Essa ascensão não apenas ilustra o desejo dos brasileiros em buscar novas oportunidades, mas também coloca o país em uma posição de destaque no cenário global: o Brasil agora ocupa a quarta posição entre as nações com o maior número de solicitações, ficando atrás de gigantes como Índia, com expressivos 64.700 pedidos, China, com 25.700, e Filipinas, que contabilizou 14.100 pedidos.
Esses dados, fornecidos pela consultoria Viva América, não são apenas cifras frias; eles são um reflexo da situação econômica e do mercado de trabalho tanto nos EUA quanto no Brasil. Eles apontam para um fenômeno de mobilidade internacional de mão de obra altamente qualificada, que é parte integrante de um mercado de trabalho cada vez mais globalizado. Enquanto os EUA buscam atrair talentos para manter sua competitividade econômica, o Brasil enfrenta o desafio de reter seus profissionais, que são atraídos pelas oportunidades de desenvolvimento profissional, estabilidade e qualidade de vida no exterior.
A análise desses números sugere que a política de portas abertas dos EUA para especialistas altamente qualificados, incentivada pelo atual governo de Joe Biden, está em pleno funcionamento, com um claro impacto sobre a escolha de destino dos imigrantes brasileiros. Este cenário acende um alerta para as políticas de retenção de talentos no Brasil, que devem ser pensadas para evitar uma drenagem cerebral que pode ser custosa para o país no longo prazo.
Perfil dos solicitantes
O incremento nos pedidos de green cards de trabalho para os Estados Unidos pode ser atribuído, em grande medida, aos vistos de categorias EB-1 e EB-2. Estas categorias são destinadas a um nicho específico de profissionais: aqueles reconhecidos por suas capacidades excepcionais ou por possuírem avançados graus acadêmicos. No caso do EB-1, estamos falando de indivíduos que possuem habilidades extraordinárias nas ciências, artes, educação, negócios ou atletismo, pesquisadores e professores de destaque, assim como executivos e gerentes de multinacionais que se mudam para os EUA. Já o visto EB-2 é reservado para profissionais com graus avançados ou com um talento excepcional em áreas de artes, ciências ou negócios.
A fuga de cérebros, ou emigração de indivíduos altamente qualificados do Brasil, está intrinsecamente ligada a esses dados. Este fenômeno não é apenas uma perda de talentos individuais; ele representa uma evasão significativa de capital humano que poderia contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país. A emigração em massa de profissionais altamente capacitados acarreta consequências para o mercado de trabalho brasileiro, impactando a inovação e a competitividade do país no cenário global.
Mercado de trabalho e políticas dos EUA
Os Estados Unidos, cientes de sua necessidade por uma força de trabalho altamente qualificada e diversificada, têm implementado políticas que favorecem a atração de profissionais estrangeiros. O mercado de trabalho americano, com seu apetite por inovação e sua abordagem meritocrática, é particularmente atraente para trabalhadores em setores de alta tecnologia, pesquisa e desenvolvimento e, de forma crescente, para especialistas em inteligência artificial (IA).
A administração Biden tem trabalhado ativamente para capitalizar essa demanda, criando políticas que visam não somente preencher lacunas imediatas na força de trabalho, mas também assegurar a liderança dos EUA em campos críticos para o futuro da nação, como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Exemplo disso foi a ordem executiva emitida em outubro, com o propósito de simplificar a contratação de profissionais estrangeiros no campo da IA, bem como apoiar programas educacionais para atrair estudantes internacionais e reter talentos após a conclusão de seus estudos.
Iniciativas americanas para Profissionais de IA
Os Estados Unidos deram um passo significativo em outubro ao implementar uma ordem executiva que mira o coração da inovação tecnológica global: a inteligência artificial. Essa ação estratégica tem como objetivo não apenas fortalecer a posição do país como líder em IA, mas também como uma nação que acolhe e nutre talentos extraordinários nessa área.
A ordem executiva estabelece diretrizes para facilitar a entrada e permanência de profissionais de IA no país, desde a simplificação dos processos de visto até o apoio a programas que incentivam estudantes internacionais a se envolverem com a IA. Para os profissionais brasileiros especializados em IA, isso representa uma janela de oportunidade sem precedentes para atuar na vanguarda da tecnologia em solo americano.
Rodrigo Costa, CEO do Viva América e observador atento das tendências de imigração, compartilha que há um crescente interesse por vistos de trabalho entre os profissionais brasileiros de tecnologia. Segundo ele, “as empresas americanas estão em uma busca constante por talentos na área de tecnologia, e a ordem executiva veio para acelerar esse processo. No nosso grupo, notamos um pico na demanda por vistos, principalmente de engenheiros, estatísticos, e, claro, especialistas em IA, que são altamente valorizados.”
Além de especialistas em IA, as categorias profissionais que mais se destacam nesse movimento são as de ciências exatas e saúde, com destaque para engenheiros, pesquisadores médicos e enfermeiros.
A perspectiva das empresas é otimista: acreditam que a chegada desses profissionais não só suprirá a demanda atual, mas também impulsionará a inovação e o crescimento econômico. Além disso, a diversidade trazida pelos talentos internacionais contribui para um ambiente de trabalho mais rico e produtivo.
O cenário é, portanto, de uma sinergia crescente entre as necessidades do mercado de trabalho americano e os objetivos profissionais dos especialistas brasileiros em IA, com as políticas imigratórias americanas desempenhando um papel central nessa dinâmica.
Vistos EB-3 e trabalhadores de outras áreas
O visto EB-3 é uma porta de entrada para os Estados Unidos para um grupo diversificado de trabalhadores, incluindo profissionais, trabalhadores qualificados e outros trabalhadores que possam não se enquadrar nos critérios mais rigorosos dos vistos EB-1 e EB-2. Esse visto é destinado a três subcategorias de empregados: profissionais com um diploma de bacharel não disponível no mercado de trabalho americano, trabalhadores qualificados com pelo menos dois anos de experiência ou treinamento, e trabalhadores não qualificados para funções que não requerem dois anos de treinamento ou experiência.
O impacto do visto EB-3 na imigração de brasileiros é significativo, especialmente para aqueles que buscam novas oportunidades mas podem não ter as credenciais altamente especializadas demandadas pelos vistos EB-1 e EB-2. Em 2023, registrou-se a entrada de 2.132 pedidos de visto EB-3 por brasileiros, refletindo a procura contínua de oportunidades de trabalho nos EUA, inclusive em áreas que exigem menos qualificação.
Embora menos falado do que os vistos para profissionais altamente qualificados, o EB-3 desempenha um papel importante ao fornecer um caminho legal para os brasileiros que buscam melhorar suas vidas e contribuir para a economia americana em uma variedade de setores. Desde vendedores a artesãos, esses trabalhadores ajudam a preencher lacunas importantes no mercado de trabalho dos EUA, promovendo diversidade e troca cultural.
O visto EB-3, portanto, não só abre caminho para um novo começo para muitos brasileiros, mas também fortalece o tecido econômico e social dos Estados Unidos ao acolher uma força de trabalho diversificada e dedicada. A demanda por esse tipo de visto ilustra uma faceta mais ampla da imigração, mostrando que a busca pelo sonho americano abrange todas as habilidades e aspirações.