EUA promove ‘exercícios militares’ em conjunto com a Guiana
Nesta quinta-feira (7), os Estados Unidos anunciaram manobras militares conjuntas com a Guiana, envolvendo sobrevoos de aviões militares na região de Essequibo. Essa ação ocorre em resposta ao referendo realizado pela Venezuela no último domingo (3), no qual foi aprovada a anexação de parte significativa do território atualmente controlado pela Guiana.
Aviões militares dos Estados Unidos sobrevoarão Essequibo e outras áreas da Guiana como parte das operações de rotina para reforçar a segurança local, conforme informou a Embaixada dos EUA na Guiana. Essa ação ocorre após a realização de um referendo venezuelano no último domingo, que busca anexar Essequibo, um território disputado há mais de cem anos.
Antes do referendo, o presidente Joe Biden enviou comandantes militares de alto escalão à Guiana, e há considerações sobre a possibilidade de construir uma base militar em Essequibo. A área em disputa com a Venezuela tem 159.542 km², sendo ainda maior que o território do estado do Ceará, por exemplo.
Nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou apoio à Guiana em uma ligação com o presidente do país, Irfaan Ali, discutindo uma cooperação robusta na área de segurança. A região é estratégica, não apenas do ponto de vista da fronteira, mas também por integrar a Amazônia.
A situação é delicada, com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que alega buscar “construir consensos” para recuperar Essequibo para a Venezuela, enquanto a Guiana se prepara para fortalecer a cooperação de defesa. O Brasil mantém uma abordagem diplomática, mantendo conversas com ambas as partes a fim de costurar uma resolução e evitar um conflito militar na região.
O referendo venezuelano é consultivo e não vinculante, desafiando a decisão da Corte Internacional de Justiça, que proibiu a Venezuela de tomar medidas para anexar Essequibo. A região em disputa é ocupada por 125 mil pessoas, representando 70% do território da Guiana, ganhou destaque com a descoberta de reservas de petróleo em 2015. A disputa remonta a acordos internacionais, como o laudo de 1899 e um acordo de 1966.
Referendo Venezuelano sobre a região de Essequibo
Realizado no último domingo (03), o referendo consultivo proposto pelo Governo de Nicolás Maduro, visava chancelar uma investida sobre o território pertencente a Guiana. A região, conhecida como Essequibo está em disputa a mais de 100 anos.
A consulta tinha ao todo cinco perguntas. Entre elas um questionamento que levantava a hipótese da criação de um estado venezuelano na região, que adotaria o nome de “Guiana Essequiba”. Confira a íntegra das perguntas do referendo.
- Você rejeita a fronteira atual?
- Você apoia o Acordo de Genebra de 1966?
- Você concorda com a posição da Venezuela de não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça?
- Você discorda de a Guiana usar uma região marítima sobre a qual não há limites estabelecidos?
- Você concorda com a criação do estado Guiana Essequiba e com a criação de um plano de atenção à população desse território que inclua a concessão de cidadania venezuelana, incorporando esse estado ao mapa do território venezuelano?
Governo brasileiro quer evitar o conflito entre Venezuela e Guiana
Também nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de abertura da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, tratou a questão da disputa entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo. “Estamos acompanhando com crescente preocupação os desdobramentos relacionados à questão do Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio a essa situação”, declarou Lula ao lado dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández; da Bolívia, Luis Arce; do Paraguai, Santiago Peña; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.
“Enfatizo a importância de que as instâncias da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União de Nações Sul-Americanas (Unasul) sejam plenamente usadas para o encaminhamento pacifico dessa questão”, iniciou Lula, completando que o Brasil estará à disposição para sediar quantas reuniões forem necessárias.
O presidente brasileiro ainda complementou afirmando que a América do Sul não quer uma guerra. “Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Nós não precisamos de guerra, de conflito. O que precisamos é construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver o nosso país, gerar riqueza e melhorar a vida do povo brasileiro”, concluiu Lula.